“Ai de mim, minha mãe, que me geraste um homem de controvérsia, um homem em discórdia com toda a gente! Não emprestei com usura nem ninguém me emprestou, e contudo todos me amaldiçoam. 16Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me, elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar teu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos. 17Não costumo frequentar a roda dos folgazões e gabo-me disso; fiquei a sós, sob o influxo de tua presença e cheio de indignação. 18Por que se tornou eterna minha dor, por que não sara minha chaga maligna? Para mim te tornaste como miragem de um regato, como visão d’águas ilusórias”. 19Ainda assim, isto diz-me o Senhor: “Se te converteres, converterei teu coração, para te sustentares em minha presença; se souberes separar o precioso do vil, falarás por minha boca; os outros voltarão para ti, e tu não voltarás para eles. 20Em favor deste povo, farei de ti uma muralha de bronze fortificada; combaterão contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para te salvar e te defender, diz o Senhor. 21Eu te libertarei das mãos dos perversos e te salvarei dos prepotentes”.
Libertai-me do inimigo, ó meu Deus, * e protegei-me contra os meus perseguidores! 3Libertai-me dos obreiros da maldade, * defendei-me desses homens sanguinários! 4Eis que ficam espreitando a minha vida, † poderosos armam tramas contra mim. * 5Mas eu, Senhor, não cometi pecado ou crime. 10Minha força, é a vós que me dirijo, † porque sois o meu refúgio e proteção, * 11Deus clemente e compassivo, meu amor! Deus virá com seu amor ao meu encontro, * e hei de ver meus inimigos humilhados. 17Eu, então, hei de cantar vosso poder, * e de manhã celebrarei vossa bondade, porque fostes para mim o meu abrigo, * o meu refúgio no dia da aflição. 18Minha força, cantarei vossos louvores, † porque sois o meu refúgio e proteção, * Deus clemente e compassivo, meu amor!
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”.
Caríssimos irmãos e irmãs! As leituras da Liturgia da Palavra de hoje nos apresentam com toda franqueza e sinceridade os efeitos positivos e negativos de fazer uma opção clara e radical por Deus, por Jesus Cristo e pelo Reino dos Céus. Pois, as promessas que Deus faz aos que buscam os bens espirituais do Reino dos Céus são motivos de grande alegria, na esperança; que prometem uma vida bem-aventurada nos céus. Contudo, esta escolha não deixaria de ter as suas dificuldades e sofrimentos, por ter que passar por inúmeras contrariedades e provações, enquanto vivesse neste mundo.
Jesus Cristo, no Evangelho que ouvimos, anunciava abertamente uma proposta inusitada de as pessoas se desfazerem dos seus próprios bens materiais, para adquirirem em troca o Reino dos Céus. Dizia isto publicamente, provocando as pessoas a darem este passo tão arriscado e exigente, que requeria, sem dúvida, muita fé, confiança na providência divina e uma firme esperança de alcançar este Reino dos Céus, que Jesus estava apregoando.
Em todo caso, Jesus dizia isto para provocar nos seus aderentes à confiança inabalável nele, pois ele, enquanto Deus, estava dando todas as garantias de que isto seria um negócio fabuloso, seguro e inteligente. Conforme as suas palavras: “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (Mt 13, 44-46).
Entretanto, todos aqueles que fizessem tal negócio com Jesus Cristo, para conquistar o Reino dos Céus, deveriam saber que, enquanto estivessem neste mundo, eles deveriam caminhar na esperança, permanecerem unidos a Cristo e viverem da providência divina, na pobreza; do mesmo jeito que Jesus vivia.
O Profeta Jeremias, depois que aceitou servir ao Senhor, assumindo o ministério profético, percebeu que havia atraído sobre si inúmeras tribulações. Sem reclamar e sem murmurar contra Deus, ele fez questão de enumerar as grandes provações e sofrimentos que ele passou, pelo simples fato de ter sido um profeta honesto e fiel ao Senhor. Por isso ele dizia: “Ai de mim, minha mãe, que me geraste um homem de controvérsia, um homem em discórdia com toda a gente! Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me, elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar teu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos. Não costumo frequentar a roda dos folgazões e gabo-me disso; fiquei a sós, sob o influxo de tua presença e cheio de indignação. Por que se tornou eterna minha dor, por que não sara minha chaga maligna” (Jr 15, 10; 16-18).
A seguir, o profeta Jeremias conclui com algumas palavras de conforto que o Senhor lhe confidenciou, dizendo: “Se souberes separar o precioso do vil, falarás por minha boca; os outros voltarão para ti, e tu não voltarás para eles. Em favor deste povo, farei de ti uma muralha de bronze fortificada; combaterão contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para te salvar e te defender, diz o Senhor. Eu te libertarei das mãos dos perversos e te salvarei dos prepotentes” (Jr 15, 19-21).
Por fim, o profeta elevou a Deus um grande clamor, invocando a sua proteção contra os seus inimigos, e suplicando a Deus pela sua salvação, dizendo: “Libertai-me do inimigo, ó meu Deus, e protegei-me contra os meus perseguidores! Libertai-me dos obreiros da maldade Mas eu, Senhor, não cometi pecado ou crime. Minha força, é a vós que me dirijo, porque sois o meu refúgio e proteção, Deus clemente e compassivo, meu amor” (Sl 58, 2-3; 10-11).
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