Usando uma linguagem teologicamente técnica e ortodoxa, se deve dizer que ocorreu, no momento da concepção de Jesus Cristo no seio da Virgem Maria, a união hipostática da natureza divina do Verbo com a natureza humana de Cristo. Ou seja, a Virgem Maria foi ao mesmo tempo mãe de Deus e mãe do Homem Jesus Cristo. O mesmo sujeito que ela deu à luz, que foi concebido e gerado em seu seio, por obra do Espírito Santo, era uma única pessoa, constituída de duas natureza que se uniram, por um poder divino extraordinário, tornando possível o Mistério da Encarnação do Verbo de Deus em Jesus Cristo.
Quem tornou possível o Mistério da Encarnação foi o próprio Espírito Santo, a terceira pessoa da Santíssima Trindade, conforme o testemunho do Anjo Gabriel, dado à Maria, na anunciação, dizendo: ” O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus”. Ele será reconhecido, conforme o Anjo dissera à Maria, como o “Filho do Altíssimo” e também como o “filho de Davi”, dizendo: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi”.
Ou melhor, a natureza divina de Jesus, que é de ordem sobrenatural e celestial, é aquela do “Filho de Deus” – pré-existente, gerado pelo Pai Eterno no ceio da divindade, antes de todos os séculos. E a natureza humana de Jesus, que é de ordem natural e terrestre, é aquela do “Filho do homem” – criatura humana, gerada e iniciada a sua existência no momento da sua concepção, por auxílio do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. O “Filho de Deus” – criador de todas as coisas, espírito divino e invisível – que se uniu, de forma hipostática, com o “Filho do homem” – criatura humana constituído de alma racional invisível e de corpo carnal visível -, formando um só sujeito e uma só pessoa, que é o Nosso Senhor Jesus Cristo. Este homem, de corpo visível, traz dentro de si o Verbo de Deus, de espírito invisível! Este homem, e somente este homem, pode ser adorado, venerado, santificado e glorificado, com um culto que se rende a Deus, por estar nele toda a plenitude da divindade, do Filho de Deus. Este Mistério, tão complexo e tão sublime, só é possível de ser alcançado pela fé. Somente com o auxílio da luz divina e com a graça sobrenatural da fé, nós nos tornamos capazes de crer no Mistério da Encarnação, reconhecendo-o como verdade divinamente atestada e revelada.
Por isso, o Mistério da Encarnação figura entre os maiores e mais complexos mistérios de nossa fé católica. E, certamente por causa disto, este Mistério da Encarnação acabou sendo tão duramente atacado, contestado e combatido por muitos, dentro da própria Igreja Católica. Nos primeiros cinco séculos, desde os tempos apostólicos, apareceram inúmeros cristão que se insurgiram contra o Mistério da Encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. Muitos cristãos de pouca fé, cheios de presunção, levantaram-se contra este mistério divinamente revelado. Movidos por uma teimosia obstinada, renegaram e impugnaram a fé no Mistério da Encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo, se tornando hereges e inimigos da fé e da Igreja Católica.
Portanto irmãos caríssimos, perseveremos firmes nesta fé divinamente revelada, do Mistério da Encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. Nele está a nossa vida, a nossa dignidade cristã de filhos adotivos, a nossa redenção e a nossa salvação! Perseveremos firmes nesta fé, para obter o prêmio da salvação e da vida eterna!
(Alceu Kuhnen)
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