Qual o motivo da Encarnação do Verbo de Deus? Porque ele assumiu a nossa condição humana? Qual foi o principal motivos que Deus tinha para enviar ao mundo o seu amado Filho único? Nós vamos responder a estas perguntas com as palavras do Credo niceno-constantinopolitano, confessando: “Foi por nós, homens, e para nossa salvação, que o Verbo desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e, assim, ele se fez homem” (Denzinger, 150). Desta forma, o Verbo de Deus se fez carne. E o motivo principal e supremo desta encarnação do Filho de Deus, foi: a nossa salvação! E, por tal motivo, Ele assumiu a natureza humana, em Jesus Cristo, para salvar-nos e reconciliar-nos com Deus.
Visto que, quando Deus nos criou, Ele não quis que nós permanecêssemos perpetuamente neste mundo. Ele nos criou neste mundo para permanecermos temporariamente nele. Segundo os desígnios divinos, uma vez chegado o tempo determinado por Deus, deveríamos deixar este mundo e sermos transportados por Deus ao seu Reino de vida eterna, nos céus. `Porém o pecado humano tornou-o indigno desta salvação, fechando-lhe qualquer esperança de entrar no Reino da bem-aventurança eterna. Por isso, o Mistério da Encarnação do Filho de Deus tornou novamente possível, à humanidade, a Salvação Eterna e o ingresso no Reino dos Céus.
Nós todos, os habitantes deste mundo, ignorávamos sobre o destino de nossas vidas após a morte. Não tínhamos qualquer esperança e qualquer conhecimento seguro sobre nosso destino, depois de deixarmos esta vida mortal. Deus, vendo esta nossa angústia e desespero, veio ao nosso encontro. Ele mesmo se revelou a nós e mostrou-nos o seu plano de vida e de salvação; este plano divino estava, até então, oculto em seus mistérios e seus desígnios. Deus mesmo, no tempo previsto, tomou a iniciativa de abrir as porta da esperança e de salvação! Tendo chegado a “Plenitude dos Tempos”, conforme os desígnios da Divina Providência, Deus enviou ao mundo o seu Filho, nosso Salvador e Redentor! Ele, e somente Ele, seria capaz de nos dar: o perdão dos pecados; a redenção, a esperança de vida eterna e, sobretudo, a salvação!
Conforme o testemunho do Apóstolo João: “Foi Ele quem nos amou e nos enviou seu Filho como vítima de expiação por nosso pecados” (1Jo 4, 10). O Pai enviou seu Filho como o Salvador do mundo” (1Jo 4, 14). E, ainda: Este Jesus apareceu neste mundo para tirar os pecados” (1Jo 3, 5). E, na anunciação, o Anjo Gabriel disse a José: ” José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus (que significa, ‘Deus salva’), porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelos profetas: Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, que significa, Deus conosco” (Mt 1, 20-23)!
“Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Eram estas as razões, que sem dúvida, clamavam por uma solução! Mas todo ser humano e todas as suas instituições sentiam-se incapazes de resolver tamanha miséria. Estas razões não seriam suficientes para comover as entranhas do nosso Deus de Misericórdia? Estas razões não poderiam deixar impassível o Deus do amor e da compaixão! Estas razões comoveram, certamente, a Deus, a ponto de fazê-lo descer até nós, para nos visitar, assumindo a nossa natureza humana. E, uma vez constatando o nosso estado de miséria e infelicidade, tomou as devidas providências para arrebatar-nos desta condição miserável e de nos abrir o caminho da salvação, rumo ao Reino da Bem-aventurança eterna”! (Cf. São Gregório de Nissa, Or. Catech. 15: PG 45, 48 B).
Por isso, vendo Ele a nossa condição de vida neste mundo – rodeados de tantas calamidades, misérias e sem esperança – movido de compaixão e ternura por nós, decidiu vir até nós, e compartilhar conosco de nossa condição de vida, exceto no pecado. Veio para empreender, junto a nós, um processo de restauração e salvação. Ninguém, homem nenhum, nenhum rei e nenhuma instituição humana, foi capaz de realizar um projeto tão ambicioso de reconstrução e erguimento da dignidade humana nesta vida terrena e, ao mesmo tempo, assegurar vida plena e feliz para depois da morte. Assim sendo, uma vez restaurada a nossa dignidade humana, o Salvador tornaria possível a salvação eterna, depois da morte, para toda a humanidade; sob condição de se unir a Ele, em comunhão de fé, amor e justiça.
Por este motivo, o Verbo se fez carne: para elevar a nossa dignidade humana, à condição de “participantes da natureza divina” (2Pd 1, 4). E assim, uma vez restaurados e redimidos, poderíamos entrar em comunhão com nosso Senhor Jesus Cristo; e, desta forma, estaríamos seguramente aptos à salvação e ao ingresso no Reino dos Céus, quando chegasse a hora derradeira de partir deste mundo, na hora da morte.
Além da restauração da dignidade humana, Ele, o Verbo de Deus Encarnado, o nosso Senhor Jesus Cristo, quando veio nos visitar, apresentou-nos uma proposta de resgate e de salvação. Ou seja, o Verbo divino veio até nós, tomando a condição de nossa vida humana, para empreender, junto conosco, num projeto divino, de resgate e de salvação; para transportar-nos e trasladar-nos dos abismos deste mundo, para o seu Reino Eterno; para um um Reino de vida plena, de felicidade perpétua e da mais sublime glória, junto de Deus e dos seus anjos!
(Alceu Kuhnen)
WhatsApp us