1.“MistériodaEncarnaçãodeJesus”! Com o nascimento de Cristo, Deus se tornou visível aos homens (Art. 7)

Há um só Deus que, por sua Palavra e Sabedoria, criou e harmonizou todas as coisas.

A Palavra divina é o nosso Senhor Jesus Cristo; que, nos últimos tempos, se fez homem entre os homens, para unir o fim ao princípio, isto é, unir o homem a Deus. Por isso, os profetas, que tinham recebido dessa mesma Palavra o carisma profético, anunciaram sua vinda segundo a carne; mediante essa vinda, realizou-se a união e a comunhão de Deus com o homem, conforme a vontade do Pai. Desde o começo a Palavra de Deus tinha anunciado que Deus seria visto pelos homens, que viveria e conversaria com eles na terra, e que se faria presente às suas criaturas, para salvá-las e ser percebido por elas, livrando-os das mãos de todos os que os odeiam (Lc 1 17). Isto é, de todo o espírito de pecado, e fazendo que o sirvamos em justiça e santidade, enquanto perdurarem nossos dias (Lc 1 74-75). E, assim, unido ao Espírito de Deus, o homem tenha acesso à glória do Pai.

Diversos profetas anunciaram que Deus seria visto pelos homens, conforme diz também o Senhor: Felizes os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5, 8). Contudo, ninguém pode ver a Deus na sua grandeza e glória inenarrável e continuar vivendo (Ex 33, 20), porque o Pai é inacessível. Mas em seu amor, sua bondade e sua onipotência, ele chega a conceder aos que o amam o dom de ver Deus; é isto que anunciavam os profetas, pois o que é impossível aos homens , é possível a Deus (Lc 18, 27).

O homem, por si mesmo, não poderá ver a Deus. Mas Deus, se quiser, será visto pelos homens, por aqueles que ele quiser, quando e como ele quiser. Deus, que tudo pode, foi visto outrora em visão profética por meio do Espírito Santo, deixa-se ver agora por meio de seu Filho, graças à adoção filial, e será misto finalmente no reino dos céus como Pai. Com efeito, o Filho conduz o homem para o Pai e o Pai lhe dá a imortalidade na vida eterna, que é fruto da contemplação de Deus.

Assim como os que vêem a luz, estão na luz, e recebem a sua claridade, também os que vêem a Deus estão em Deus e recebem a sua claridade. A claridade de Deus vivifica; portanto, os que vêem a Deus recebem a vida.

Santo Irineu de Lyon, Bispo e Mártir, (Séc. II), Tratado contra as heresias, Liv. 4, 20, 4-5. In Liturgia das Horas, p. 248-249.