A glória do homem é Deus; mas quem se beneficia das obras de Deus e de toda a sua sabedoria e poder é o homem.
Se o homem souber acolher, sem orgulho nem presunção, a verdadeira glória que procede das criaturas e do Criador, isto é, de Deus todo-poderoso, que dá a tudo a existência; e se permanecer em seu amor, na obediência e na ação de graças, receberá dele uma glória ainda maior, progredindo sempre mais, até se tornar semelhante àquele que morreu por ele.
Com efeito, Cristo se revestiu de uma carne semelhante à do pecado (Rm 8,3), para condenar o pecado e, depois de o condenar, expulsá-lo da carne. Tudo isso para incentivar o homem a tornar-se semelhante a ele, destinando-o a ser imitador de Deus, colocando-o sob a obediência paterna, a fim de que, depois da morte, visse a Deus e tivesse acesso ao Pai.
O Verbo de Deus habitou no homem e se fez filho do homem, para acostumar o homem a compreender a Deus; e que Deus possa, assim, habitar no homem, segundo a vontade do Pai.
Por esse motivo, o sinal de nossa salvação, o Emanuel nascido da Virgem (cf IS 7,11.14), foi dado pelo próprio Senhor; pois seria ele quem salvaria os homens, já que os homens não poderiam salvar-se por si mesmos. Por isso, São Paulo proclama a fraqueza do homem, dizendo: Estou ciente de que o bem não habita em mim (Rm 7, 18), indicando que o bem de nossa salvação não vem de nós, mas de Deus. E ainda: Infeliz que sou! Quem me libertará deste corpo de morte? (Rm 7,24) E logo mostra quem o liberta: A graça de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 7, 25).
Portanto, seguramente a nossa salvação não poderia vir de nós mesmos, mas unicamente do socorro de Deus, por meio de nosso Salvador e Redentor, Jesus Cristo!
Santo Irineu de Lião, Bispo e Mártir. Tratado contra as heresias, Livro 3, 20, 2-3; SCh 34, 342-344. Séc. II. In Liturgia das Horas, vol. I, Advento., p. 302-303.
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