1.“MistériodaEncarnaçãodeJesus”!  – Pela morte do Corpo do Verbo Divino o homem foi libertado da corrupção da morte! (Art. 19)

O Verbo, portanto, compreendia que a corrupção dos homens de forma alguma poderia ser destruída, a não ser pela morte. Mas, era impossível que o Verbo morresse por ser imortal, sendo ele o Filho do Pai. Por isso, o Verbo assume corpo mortal, afim de que este, uma vez partícipe do Verbo, adquira uma natureza superior a tudo, tornando-a capaz de morrer por todos os homens, sujeitos a morte. E, graças ao Verbo que nele habita, permaneça incorruptível e doravante faça cessar em todos a corrupção, pela graça da ressurreição. [Assim sendo, a morte do corpo humano do Verbo Divino adquiriu um poder supremo – conferido pela graça divina do Verbo -, fazendo com que a morte de Cristo transmita aos homens, – que estavam sujeitos à corrupção da morte – a graça da imortalidade, sob a condição de estarem em comunhão de fé e de vida com o Verbo].

Por conseguinte, qual sacrifício e vítima imaculada, ofereceu à morte o corpo que assumiu, e, logo a seguir, fez desaparecer a morte de todos os corpos idênticos ao seu, através da oferta de vítima correspondente. Pois, é justo que o Verbo de Deus, superior a todos, ao oferecer seu corpo, templo e instrumento, qual resgate por todos, solva nossa dívida por sua morte. Deste modo, unido a todos os homens pelo corpo semelhante ao deles, o Filho incorruptível de Deus pode, justamente a todos os homens, revestir da incorruptibilidade, segundo a promessa da ressurreição (1Cor 15, 54). E a própria corrupção da morte não vigoraria mais contra os homens, por causa do Verbo que entre eles habita, através de corpo individual.

Veio à nossa terra e habitou corpo semelhante ao nosso. Cessaram, com isso, as maquinações dos inimigos contra os homens, e assim, desapareceu a corrupção da morte, que há muito sobre eles prevalecia. O gênero humano teria perecido completamente se o Filho de Deus, Senhor e Salvador do universo, não viesse por termo à morte.

Santo Atanásio, Patriarca de Alexandria e Doutor da Igreja, (295-373), A encarnação do Verbo, São Paulo: Paulus, 2002. (II, 9, 1-4) p. 135-136.