Ouvi, filhos de Israel, a palavra que disse o Senhor para vós e para todas as tribos que eu retirei do Egito: 2“Dentre todas as nações da terra, somente a vós reconheci; por isso usarei o castigo por todas as vossas iniquidades. 3Se duas pessoas caminham juntas, não é porque estão de acordo? 4Se o leão ruge na selva, não é porque encontrou a presa? Se no covil rosna o filhote do leão, não é porque agarrou sua parte? 5Acaso, sem armadilha, se prende uma ave no chão? Acaso dispara a armadilha, antes de capturar a presa? 6Se ressoa na cidade o toque da trombeta, não fica a população apavorada? Se acontece uma desgraça na cidade, não foi o Senhor que fez? 7Pois nada fará o Senhor Deus, que não revele o plano a seus servos, os profetas. 8Ruge o leão, quem não terá medo? Falou o Senhor Deus, quem não será seu profeta? 4,11Eu vos arrasei, como arrasei Sodoma e Gomorra, e ficastes como um tição, retirado da fogueira; e, contudo, não voltastes para mim”, diz o Senhor. 12“Por isso, assim te tratarei, Israel; e, porque sabes como te vou tratar, prepara-te, Israel, para ajustar contas com o teu Deus”.
Não sois um Deus a quem agrade a iniquidade, * não pode o mau morar convosco; 6nem os ímpios poderão permanecer * perante os vossos olhos. 7Detestais o que pratica a iniquidade * e destruís o mentiroso. Ó Senhor abominais o sanguinário, * o perverso e enganador. 8Eu, porém, por vossa graça generosa, * posso entrar em vossa casa. E, voltado reverente ao vosso templo, * com respeito vos adoro.
Naquele tempo, 23Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia. 25Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!” 26Jesus respondeu: “Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?” Então, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. 27Os homens ficaram admirados e diziam: “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra nos exorta, novamente, que nos levantemos e, com ânimo redobrado e fortalecido na graça divina, busquemos a nossa conversão e a nossa salvação. Portanto, uma vez revigorados com a graça divina e com as palavras ameaçadora dos profetas encontraríamos o ânimo necessário para realizar esta obra tão exigente da nossa conversão e salvação.
Deus falou palavras muito duras ao Povo de Israel, através do profeta Amós. Tendo em vista a sua conversão e o arrependimento de suas iniquidades, Deus ameaçou castigar Israel, dizendo: “Dentre todas as nações da terra, somente a vós reconheci; por isso usarei o castigo por todas as vossas iniquidades” (Am 3, 2). Mesmo assim, depois de ter-lhe infligido um tenebroso castigo, o Povo de Israel continuou obstinado em suas maldades e impiedades, como disse o profeta: “Eu vos arrasei, como arrasei Sodoma e Gomorra, e ficastes como um tição, retirado da fogueira; e, contudo, não voltastes para mim”, diz o Senhor. “Por isso, assim te tratarei, Israel; e, porque sabes como te vou tratar, prepara-te, Israel, para ajustar contas com o teu Deus” (Am 4, 12-13).
Na verdade, caros irmãos, o Senhor não poderia tratar Israel de outra forma, mesmo sendo o povo mais estimado e amado por Deus. Pois, “não sois um Deus a quem agrade a iniquidade, e não pode o mau morar convosco; nem os ímpios poderão permanecer perante os vossos olhos. Detestais o que pratica a iniquidade e destruís o mentiroso. Ó Senhor, abominais o sanguinário, o perverso e enganador” (Sl 5, 5-7).
No Evangelho que acabamos de ouvir, nos foi dito que: “naquele tempo, Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia” (Mt 8, 23-24). Entretanto, caros irmãos, tudo isto que foi dito a respeito de Jesus e os apóstolos que estavam viajando naquela barca agitada pelas ondas do mar, deve ser visto sob a ótica de um significado simbólico e espiritual. Ou seja, nós devemos interpretar estes fatos com os olhares do próprio Jesus Cristo. Assim sendo, devemos entender que: 1º. A barca significava a Igreja; 2º. os apóstolos significavam o Povo de Deus; 3º. o mar agitado significava o mundo confuso e revolto; 4º. Jesus dentro da barca dormindo, significava que Jesus estava presente na Igreja, mas de forma invisível e espiritual. Desta forma a mensagem evangélica atingia, com certeza, o seu verdadeiro sentido.
Diante desta nova interpretação dos fatos narrados pelo evangelista, poderemos, então, compreender aquilo que aconteceu logo a seguir, conforme as palavras de Mateus: “Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!” Jesus respondeu: “Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?” Então, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. Os homens ficaram admirados e diziam: “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem” (Mt 8, 25-27)?”
É verdade, caros irmãos, este Jesus Cristo que estava presente na barca, mesmo dormindo, ele continua atualmente presente e vigilante na Igreja. Este mesmo Jesus Cristo, munido de todos os seus poderes divinos sobre os elementos naturais, continua presente na Igreja, nos protegendo das aflições e das hostilidades deste mundo. Este mesmo Jesus Cristo, Senhor e Salvador, que salvou os discípulos que estavam perecendo nas águas agitadas do mar, continua sendo o nosso Salvador e Senhor, que tem o poder de nos salvar e de nos resgatar deste mundo, para conduzir-nos ao seu Reino Eterno!
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