Ei-lo, o meu Servo será bem sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. 14Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano -, 15do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram. 53,1Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? 2Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. 3Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não azíamos caso dele. 4A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! 5Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura. 6Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós. 7Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca. 8Foi atormentado pela angústia e foi condenado. Quem se preocuparia com sua história de origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos; e por causa do pecado do meu povo foi golpeado até morrer. 9Deram-lhe sepultura entre ímpios, um túmulo entre os ricos, porque ele não praticou o mal nem se encontrou falsidade em suas palavras. 10O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. 11Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. 12Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.
Senhor, eu ponho em vós minha esperança; * que eu não fique envergonhado eternamente! 6Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, * porque vós me salvareis, ó Deus fiel! 12Tornei-me o opróbrio do inimigo, * o desprezo e zombaria dos vizinhos, e objeto de pavor para os amigos; * fogem de mim os que me veem pela rua. 13Os corações me esqueceram como um morto, * e tornei-me como um vaso espedaçado. 15A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, * e afirmo que só vós sois o meu Deus! 16Eu entrego em vossas mãos o meu destino; * libertai-me do inimigo e do opressor! 17Mostrai serena a vossa face ao vosso servo, * e salvai-me pela vossa compaixão! 25Fortalecei os corações, tende coragem, * todos vós que ao Senhor vos confiais!
Irmãos: 14Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 15Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. 16Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno. 5,7Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
Naquele tempo, 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse: “A quem procurais?” 5Responderam: “A Jesus, o Nazareno”. Ele disse: “Sou eu”. Judas, o traidor, estava junto com eles. 6Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7De novo lhes perguntou: “A quem procurais?” Eles responderam: “A Jesus, o Nazareno”. 8Jesus respondeu: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem”. 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: ‘Não perdi nenhum daqueles que me confiaste’. 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro: “Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?” 12Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. 14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: “É preferível que um só morra pelo povo”. 15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. 16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17A criada que guardava a porta disse a Pedro: “Não pertences também tu aos discípulos desse homem?” Ele respondeu: “Não!” 18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam-se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19Entretanto, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20Jesus lhe respondeu: “Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse”. 22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo: “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?” 23Respondeu-lhe Jesus: “Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?” 24Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o Sumo Sacerdote. 25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?” Pedro negou: “Não!” 26Então um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: “Será que não te vi no jardim com ele?” 27Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa. 29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse: “Que acusação apresentais contra este homem?” 30Eles responderam: “Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!” 31Pilatos disse: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei”. Os judeus lhe responderam: “Nós não podemos condenar ninguém à morte”. 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” 34Jesus respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?” 35Pilatos falou: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?” 36Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. 37Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?” Jesus respondeu: ‘Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. 38Pilatos disse a Jesus: “O que é a verdade?” Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes: “Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?” 40Então, começaram a gritar de novo: “Este não, mas Barrabás!” Barrabás era um bandido. 19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus. 2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus. Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam: “Viva o rei dos judeus!” E davam-lhe bofetadas. 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus: “Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum”. 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes: “Eis o homem!” 6Quando viram Jesus, os Sumos Sacerdotes e os guardas começaram a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos respondeu: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”. 7Os judeus responderam: “Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”. 8Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus: “De onde és tu?” Jesus ficou calado. 10Então Pilatos disse: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?” 11Jesus respondeu: “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior”. 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”. 13Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Pavimento”, em hebraico “Gábata”. 14Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: “Eis o vosso rei!” 15Eles, porém, gritavam: “Fora! Fora! Crucifica-o!” Pilatos disse: “Hei de crucificar o vosso rei?” Os sumos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei senão César”. 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado “Calvário”, em hebraico “Gólgota”. 18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio. 19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: “Jesus o Nazareno, o Rei dos Judeus“. 20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’”. 22Pilatos respondeu: “O que escrevi, está escrito”. Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: “Tenho sede”. 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30Ele tomou o vinagre e disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Caríssimos servos e servas do Cristo Crucificado! Celebramos hoje, nesta Sexta-feira Santa, a paixão e a morte na cruz, de nosso Senhor Jesus Cristo! Neste dia tão especial, recordamos o momento supremo do Mistério da Encarnação de Jesus Cristo e daquele místico sacrifício do “Cordeiro de Deus”, que tornou possível a realização do Mistério de nossa Redenção e de nossa Salvação! “Por isso, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 4, 9).
Celebramos hoje a obra mais sublime de nosso Senhor Jesus Cristo aqui neste mundo: a sua Paixão e Morte na Cruz! Mas também, podemos dizer que esta obra tão sublime de Jesus foi provocada pelos gestos mais infames e cruéis da humanidade, devido ao modo extremamente vergonhoso, sórdido e iníquo que levaram Jesus à morte, e uma morte na cruz! Jesus Cristo entregou a sua vida, depois de ser atacado por uma feroz perseguição, com toda sorte de ameaças, injustiças e insultos caluniosos! Foi atormentado pelos mais atrozes e cruéis tipos de maus-tratos e suplícios; passando pelos tormentos de uma agonia insuportável, pregado no alto da Cruz (Cfr Jo 18, 1-19)!
Ali, por volta das três horas da tarde, daquela Sexta-feira Santa, pregado na cruz, o nosso Senhor Jesus Cristo morreu! Como disse o profeta Isaías: “Ei-lo, o meu Servo! Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele. Foi maltratado e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca” (Is 53, 3-7). Ou conforme o testemunho do Apóstolo, que disse: “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5, 7-8).
Porém, a extrema infâmia de sua morte na Cruz, transformou-se na mais elevada glória da fama de Jesus, diante dos homens e diante de Deus, por toda eternidade, como profetizou Isaías, dizendo: “Ei-lo, o meu Servo será bem-sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava, que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano -, do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram (Is 53, 13-15). E, seguindo esta mesma doutrina de Isaías, o Apóstolo declarou da mesma forma, dizendo: “Irmãos, temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno. Pois ele, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 4, 14-16; 5, 9).
E, do alto da Cruz, Jesus ergueu esta prece a Deus dizendo em seu coração: “A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, e afirmo que só vós sois o meu Deus! Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor! Mostrai serena a vossa face ao vosso servo, e salvai-me pela vossa compaixão! Fortalecei os corações, tende coragem, todos vós que ao Senhor vos confiais” (Sl 30, 15-17; 25)!
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