1Dizem entre si, os ímpios, em seus falsos raciocínios: 12“Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina. 13Ele declara possuir o conhecimento de Deus e chama-se ‘filho de Deus’. 14Tornou-se uma censura aos nossos pensamentos e só o vê-lo nos é insuportável; 15sua vida é muito diferente da dos outros, e seus caminhos são imutáveis. 16Somos comparados por ele à moeda falsa e foge de nossos caminhos como de impurezas; proclama feliz a sorte final dos justos e gloria-se de ter a Deus por pai. 17Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovemos o que vai acontecer com ele. 18Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. 19Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; 20vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro”. 21Tais são os pensamentos dos ímpios, mas enganam-se; pois a malícia os torna cegos, 22não conhecem os segredos de Deus, não esperam recompensa para a santidade e não dão valor ao prêmio reservado às vidas puras.
O Senhor volta a sua face contra os maus, * para da terra apagar sua lembrança. 18Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta * e de todas as angústias os liberta. 19Do coração atribulado ele está perto * e conforta os de espírito abatido. 20Muitos males se abatem sobre os justos, * mas o Senhor de todos eles os liberta. 21Mesmo os seus ossos ele os guarda e os protege, * e nenhum deles haverá de se quebrar. 23Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, *
e castigado não será quem nele espera.
Naquele tempo, 1Jesus andava percorrendo a Galileia. Evitava andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. 2Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas. 10Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa, não publicamente mas sim, como que às escondidas. 25Alguns habitantes de Jerusalém disseram então: “Não é este a quem procuram matar? 26Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? 27Mas este, nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele é”. 28Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, 29mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”.30Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora.
Caríssimos irmãos! Na Liturgia da Palavra de hoje haveremos de constatar que os Justos e os Ímpios, normalmente, vivem lado-a-lado, bem próximos um do outro. Geralmente convivem numa mesma família ou comunidade, nesta imensa Igreja Católica, com certa familiaridade e fraternidade! Porém, subitamente, a paz e a concórdia dão lugar a conflitos e discórdias! Na comunidade formam-se, assim, dois partidos: o do dos bons cristãos e o dos maus cristãos.
Assim sendo, alguns justos, furtivamente e às ocultas, decidem assumir a condição de Ímpios. Estes Ímpios eram, outrora, na verdade, todos justos e fiéis cristãos, que se tratavam mutuamente na caridade e em comunhão fraterna. Entretanto, de repente, tais Ímpios, instigados pelo Maligno Tentador e pela própria soberba, mudam os seus pensamentos e as suas convicções! Trocam o Evangelho do Senhor por teorias e interpretações próprias; abandonam boa parte da sua fé católica e dos mandamentos divinos para abraçar, com fanatismo e obstinação, novas crenças, opiniões escandalosas e ideologias fúteis e mundanas. Deste modo, os que abandonam a justiça e a verdade, tornam-se Ímpios em seus corações, pervertendo-se em seus falsos raciocínios! Assim, arrastados pela própria malícia – impelidos pelo ódio e pela inveja – cheios de presunção, tornam-se inimigos do Justo e de toda justiça e piedade.
Por isso, dizem entre si, os ímpios, em seus falsos raciocínios: “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina. Ele declara possuir o conhecimento de Deus e chama-se ‘filho de Deus’. Tornou-se uma censura aos nossos pensamentos e só o vê-lo nos é insuportável; sua vida é muito diferente da dos outros, e seus caminhos são imutáveis” (Sb 1; 12-15).
Jesus Cristo foi perseguido pelos ímpios judeus, que o cercaram e o ameaçaram com uma inveja demoníaca e maligna – que fez despertar dentro deles um rancor furioso e um ódio mortal – contra o Justo e o Bondoso Senhor nosso, Jesus Cristo! Por isso, Jesus teve que tomar algumas precauções diante de seus inimigos e “evitava andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo” (Jo 7, 1). Embora Jesus Cristo e os judeus fossem da mesma condição humana e eram irmãos, as divergências e conflitos começaram a acontecer quando uma certa porção de judeus se tornou ímpia, não suportando mais a presença de Jesus Cristo, que era justo e santo! E, este ódio contra Jesus atingiu um grau supremo, de um ódio mortal, quando Jesus se declarou igual a Deus, na santidade, na justiça e na bondade!
Mesmo sabendo que os judeus em Jerusalém o perseguiam, Jesus não deixou de ir lá e ensinar no Templo. Não fazia isto por provação mas por obrigação e coragem! Ele se apresentava publicamente para pregar no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”. Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora” (Jo 7, 28-30).
Como disse o justo salmista em sua oração: “O Senhor volta a sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança. Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta. Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido. Muitos males se abatem sobre os justos, mas o Senhor de todos eles os liberta” (Sl 33, 17-20).
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