A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha feito. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos disse: ‘Não comereis de nenhuma das árvores do jardim?'” 2E a mulher respondeu à serpente: “Do fruto das árvores do jardim, nós podemos comer. 3Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus nos disse: ‘Não comais dele nem sequer o toqueis, do contrário, morrereis.'” 4A serpente disse à mulher: “Não, vós não morrereis. 5Mas Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal”. 6A mulher viu que seria bom comer da árvore, pois era atraente para os olhos e desejável para obter conhecimento. E colheu um fruto, comeu e deu também ao marido, que estava com ela, e ele comeu. 7Então, os olhos dos dois se abriram; e, vendo que estavam nus, teceram tangas para si com folhas de figueira. 8Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava pelo jardim à brisa da tarde, Adão e sua mulher esconderam-se do Senhor Deus no meio das árvores do jardim.
Feliz o homem que foi perdoado * e cuja falta já foi encoberta! 2Feliz o homem a quem o Senhor † não olha mais como sendo culpado, * e em cuja alma não há falsidade! 5Eu confessei, afinal, meu pecado, * e minha falta vos fiz conhecer. Disse: “Eu irei confessar meu pecado!” * E perdoastes, Senhor, minha falta. 6Todo fiel pode, assim, invocar-vos, * durante o tempo da angústia e aflição, porque, ainda que irrompam as águas, * não poderão atingi-lo jamais. 7Sois para mim proteção e refúgio; * na minha angústia me haveis de salvar, e envolvereis a minha alma no gozo * da salvação que me vem só de vós.
Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”.
Caríssimos irmãos e irmãs! Na leitura dos livros do Gênesis e do Salmo 31 os autores sagrados fizeram uma alusão ao mistério do pecado, apresentando-o de forma alegórica sobre o modo de como ele foi introduzido neste mundo e sobre o modo de nos livrarmos do pecado, com o auxílio da misericórdia divina.
Quando Deus criara o homem e a mulher, colocando-os no Paraíso, eles estavam isento de pecado, vivendo em perfeita inocência e santidade! Porém, Deus lhes dera o livre-arbítrio em suas consciências, instruindo-os a fazer uso de sua liberdade para que, obedecendo, eles permaneceriam no bem, ou, desobedecendo, praticariam o mal. O homem e a mulher no Paraíso podiam cometer o bem ou o mal; ser obediente ou desobediente às ordens divinas. Entretanto, havia neles uma natural inclinação para o bem e um boa disposição para temer e obedecer a Deus, que os fazia desejar o bem e rejeitar o mal de forma quase instintiva. Eles estavam bem cientes de que se eles fizessem o bem, e obedecessem a Deus, permaneceriam na santidade e naquela vida paradisíaca, isentos de todo mal. Porém, se pecassem, desobedecendo e fazendo o mal, haveriam de ser punidos duramente, perdendo a santidade e os confortos da vida no Paraíso, e, sobretudo, seriam castigado com a corrupção da morte.
Infelizmente o homem e a mulher – apesar das boas inclinações da natureza humana para praticar o bem – se deixaram levar por tentações ilusórias do Maligno, preferindo o mal, optando livremente pela infidelidade e pela desobediência a Deus, cometendo o pecado! O Maligno, por boca da serpente, disse à mulher: “Não, vós não morrereis. Mas Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal”. A mulher viu que seria bom comer da árvore, pois era atraente para os olhos e desejável para obter conhecimento. E colheu um fruto, comeu e deu também ao marido, que estava com ela, e ele comeu” (Gn 3, 4-6). Desde então, o mal foi introduzido no mundo pelo Maligno. E, assim, os nosso primeiros pais, enganado por Iníquo Tentador, cometeram o pecado, fazendo com que toda a humanidade se tornasse portadora desta inclinação para o pecado, sentindo uma certa atração sedutora e ilusória do Maligno e do mal.
No Evangelho que acabamos de ouvir, Jesus fez um extraordinário milagre numa região predominantemente pagã, curando um surdo-mudo. Assim como Jesus abriu os ouvidos do surdo para ouvi-lo, fazendo o milagre, abriu os ouvidos da fé e da inteligência dos pagãos para ouvirem a mensagem de seu Evangelho, levando-os a creditar nele. Deste modo, “Jesus olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar” (Mc 7, 34-37).
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