Isto diz o Senhor: “Pelos três crimes de Israel, pelos seus quatro crimes, não retirarei a palavra: porque eles vendem o justo por dinheiro e o indigente, pelo preço de um par de chinelos; 7pisam, na poeira do chão, a cabeça dos pobres, e impedem o progresso dos humildes; filho e pai vão à mesma mulher, profanando meu santo nome; 8deitando-se junto a qualquer altar, usando roupas que foram entregues em penhor, bebem vinho à custa de pessoas multadas, na casa de Deus. 9Entretanto, eu tinha aniquilado, diante deles, os amorreus, homens espadaúdos como cedros e robustos como carvalhos, destruindo os frutos na ramada e arrancando-lhes as raízes. 10Fui eu que vos fiz sair da terra do Egito e vos guiei pelo deserto, durante quarenta anos, para ocupardes a terra dos amorreus. 13Pois bem, eu vos calcarei os pés, como calca o chão a carroça carregada de feixes; 14o mais ágil não conseguirá fugir, o mais forte não achará força, o valente não salvará a vida; 15o arqueiro não resistirá de pé, o corredor veloz não terá pernas para escapar, nem se salvará o cavaleiro; 16o mais corajoso dentre os corajosos fugirá nu, naquele dia”, diz o Senhor.
“Como ousas repetir os meus preceitos * e trazer minha Aliança em tua boca? 17Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos * e deste as costas às palavras dos meus lábios! 18Quando vias um ladrão, tu o seguias * e te juntavas ao convívio dos adúlteros. 19Tua boca se abriu para a maldade * e tua língua maquinava a falsidade. 20Assentado, difamavas teu irmão, * e ao filho de tua mãe injuriavas. 21Diante disso que fizeste, eu calarei? * Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo * e manifesto essas coisas aos teus olhos. 22Entendei isto, todos vós que esqueceis Deus, † para que eu não arrebate a vossa vida, * sem que haja mais ninguém para salvar-vos! 23Quem me oferece um sacrifício de louvor, * este sim é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente, * eu mostrarei a salvação que vem de Deus”.
Naquele tempo, 18Vendo uma multidão ao seu redor, Jesus mandou passar para a outra margem do lago. 19Então um mestre da Lei aproximou-se e disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás”. 20Jesus lhe respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. 21Um outro dos discípulos disse a Jesus: “Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai”. 22Mas Jesus lhe respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos”.
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra de hoje faz-nos um grande apelo de conversão. Os profetas antigos, ao denunciarem os pecados do povo, não tinha a intenção de condená-los, mas fazê-los tomar consciência de suas iniquidades; e se não se convertessem, Deus iria castigá-los, sem dúvida alguma. E Jesus propõe o seguimento dele como um gesto perfeito de conversão.
As palavras que Deus inspirou ao profeta Amós para falar ao povo de Judá foram muito diretas, claras e sem rodeios. Acusava o povo dos maiores crimes, para que todos caíssem em si e reconhecessem o quanto tinham decaído e desandado nos caminhos do Senhor. Junto com as denúncias dos pecados, acompanhava uma exortação à penitência e à conversão. Por isso o profeta dizia: “Pelos três crimes de Israel, pelos seus quatro crimes, não retirarei a palavra: porque eles vendem o justo por dinheiro e o indigente, pelo preço de um par de chinelos; pisam, na poeira do chão, a cabeça dos pobres, e impedem o progresso dos humildes; filho e pai vão à mesma mulher, profanando meu santo nome; deitando-se junto a qualquer altar” (Am 2, 6-8). E, logo a seguir lhes fez graves ameaças de castigos implacáveis, contra todo o povo, dizendo: “Pois bem, eu vos calcarei os pés, como calca o chão a carroça carregada de feixes; o mais ágil não conseguirá fugir, o mais forte não achará força, o valente não salvará a vida” (Am 2, 13-14).
Depois destas palavras, Deus lhes lançou, ainda, um juízo implacável e eterno contra os iníquos e perversos, que não se convertessem em tempo, dizendo: “Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo. Entendei isto, todos vós que esqueceis Deus, para que eu não arrebate a vossa vida, sem que haja mais ninguém para salvar-vos” (Sl 49, 21-22)!
Entretanto, o Senhor dava garantias de salvação a todos os que se arrependessem e voltassem ao bom caminho, dizendo: “Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus” (Sl 49, 23).
Na breve passagem do Evangelho de Mateus, que acabamos de ouvir, vimos Jesus em meio à sua grande atividade missionária, anunciando a todos o seu Evangelho de conversão e de salvação. Ele se mostrava muito atarefado em acolher as multidões que vinham ao seu encontro, mas também atendia com muita cortesia as pessoas em particular.
O evangelista disse que, “num certo dia, Jesus, vendo-se rodeado por uma grande multidão, mandou passar para a outra margem do lago” (Mt 8, 18). Ou seja, parece que Jesus deixou de lado a multidão, sem dar-lhe a devida atenção, e fez menção de ir para um outro lugar, afim de encontrar-se com outras pessoas. Com esta atitude Jesus queria, provavelmente, demonstrar que ele não alimentava muitas esperanças de conversões nas suas pregações feitas às multidões. E sentia-se mais esperançoso com a conversão das pessoas que fossem individualmente abordadas. Por isso, logo a seguir, ele deu uma atenção muito especial a dois indivíduos que se apresentaram para ser seus discípulos.
Assim sendo, primeiramente um mestre da Lei apresentou-se a Jesus para ser seu discípulo, dizendo: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás” (Mt 8, 19). Jesus não o acolheu logo como seu discípulo, mas também não o rejeitou. Apenas lhe alertou que esta decisão seria muito exigente e iria acarretar enormes sacrifícios. Por isso, “Jesus lhe respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8, 20). Ao outro, que já era um discípulo de Jesus, mas ele queria protelar as coisas, inventando uma desculpa, dizendo que primeiro queria enterrar os pais. Por isso, Jesus lhe respondeu, com toda firmeza, dizendo: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos” (Mt 8, 22).
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