O Senhor destruiu sem piedade todos os campos de Jacó; em sua ira deitou abaixo as fortificações da cidade de Judá; lançou por terra, aviltou a realeza e seus príncipes. 10Sentados no chão, em silêncio, os anciãos da cidade de Sião espalharam cinza na cabeça, vestiram-se de saco; as jovens de Jerusalém inclinaram a cabeça para o chão. 11Meus olhos estão machucados de lágrimas, fervem minhas entranhas; derrama-se por terra o meu fel diante da arruinada cidade de meu povo, vendo desfalecerem tantas crianças pelas ruas da cidade. 12Elas pedem às mães: “O trigo e o vinho, onde estão?” E vão caindo como derrubadas pela morte nas ruas da cidade, até expirarem no colo das mães. 13Com quem te posso comparar, ou a quem te posso assemelhar, ó cidade de Jerusalém? A quem te igualarei, para te consolar, ó cidade de Sião? Grande como o mar é tua aflição; quem poderá curar-te? 14Teus profetas te fizeram ver imagens falsas e insensatas, não puseram a descoberto a tua malícia, para tentar mudar a tua sorte; ao contrário, deram-te oráculos mentirosos e atraentes. 18Grite o teu coração ao Senhor, em favor dos muros da cidade de Sião; deixa correr uma torrente de lágrimas, de dia e de noite. Não te concedas repouso, não cessem de chorar as pupilas de teus olhos. 19Levanta-te, chora na calada da noite, no início das vigílias, derrama o teu coração, como água, diante do Senhor; ergue as mãos para ele, pela vida de teus pequeninos, que desfalecem de fome em todas as encruzilhadas.
Ó Senhor, por que razão nos rejeitastes para sempre * e vos irais contra as ovelhas do rebanho que guiais? 2Recordai-vos deste povo que outrora adquiristes, † desta tribo que remistes para ser a vossa herança, * e do monte de Sião que escolhestes por morada! 3Dirigi-vos até lá para ver quanta ruína: * no santuário o inimigo destruiu todas as coisas; 4e, rugindo como feras, no local das grandes festas, * lá puseram suas bandeiras vossos ímpios inimigos. 5Pareciam lenhadores derrubando uma floresta, * 6ao quebrarem suas portas com martelos e com malhos. 7Ó Senhor, puseram fogo mesmo em vosso santuário! * Rebaixaram, profanaram o lugar onde habitais! 20Recordai vossa Aliança! A medida transbordou, * porque nos antros desta terra só existe violência! 21Que não se escondam envergonhados o humilde e o pequeno, * mas glorifiquem vosso nome o infeliz e o indigente!
Naquele tempo, 5quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6“Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. 7Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. 8O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9Pois eu também sou subordinado e tenho soldados debaixo de minhas ordens. E digo a um : ‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo ao meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele faz”. 10Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. 11Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, 12enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”. 13Então, Jesus disse ao oficial: “Vai! E seja feito como tu creste”. E naquela mesma hora o empregado ficou curado. 14Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. 15Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela se levantou, e pôs-se a servi-lo. 16Quando caiu a tarde, levaram a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio. Ele expulsou os espíritos, com sua palavra, e curou todos os doentes, 17para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades”.
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra de hoje voltou a apresentar as lamentações da grande tribulação e desolação do Povo Eleito. Todo o povo reconhecia, de coração contrito e amargurado, de que ele fora castigado por Deus por causa de suas infidelidades e de seus inúmeros pecados. Embora tenha havido um intervalo de 400 anos entre os tempos da conquista do Reino de Judá, por parte de Nabucodonosor, rei dos babilônios – com a destruição da cidade de Jerusalém e o exilio dos principais do povo, que foram reduzidos à escravidão -, e o tempo em que Jesus, o Messias, veio lhes visitar, no entanto, parecia que tudo continuava igual.
O profeta que foi o autor do Livro das Lamentações deixou registrado o que ele mesmo presenciara da terrível destruição da cidade de Jerusalém. Ele mesmo assistira aqueles fatos apavorantes da queda do Reino de Judá, nas mãos dos caldeus. Ele viu com seus próprios olhos os atos de crueldade que foram cometidos pelos inimigos contra os habitantes de Sião, a cidade de Davi, na qual se encontrava o Templo de Jerusalém, a morada do Deus Altíssimo. Ele descreveu aqueles momentos angustiantes, que perduraram por longos anos, dizendo: “O Senhor destruiu sem piedade todos os campos de Jacó; em sua ira deitou abaixo as fortificações da cidade de Judá; lançou por terra, aviltou a realeza e seus príncipes. Sentados no chão, em silêncio, os anciãos da cidade de Sião espalharam cinza na cabeça, vestiram-se de saco; as jovens de Jerusalém inclinaram a cabeça para o chão. Meus olhos estão machucados de lágrimas, fervem minhas entranhas; derrama-se por terra o meu fel diante da arruinada cidade de meu povo, vendo desfalecerem tantas crianças pelas ruas da cidade. Com quem te posso comparar, ou a quem te posso assemelhar, ó cidade de Jerusalém? A quem te igualarei, para te consolar, ó cidade de Sião? Grande como o mar é tua aflição; quem poderá curar-te” (Lm 2, 9-11; 13)?
Anos mais tarde, verificou-se que as nefastas consequências daqueles dias tenebrosos perduravam sem solução. Todo o povo judeu começava a se perguntar se Deus havia abandonado a sua Aliança com o seu povo em definitivo. Depois de muitos anos, Jerusalém permanecia arruinada, tomada por seus escombros e pela miséria que se alastrava por todo o lado. Então o profeta, elevando a Deus uma prece cheia de angústia e apreensão, dizia: “Ó Senhor, por que razão nos rejeitastes para sempre e vos irais contra as ovelhas do rebanho que guiais? Recordai-vos deste povo que outrora adquiristes, desta tribo que remistes para ser a vossa herança, e do monte de Sião que escolhestes por morada! Dirigi-vos até lá para ver quanta ruína: no santuário o inimigo destruiu todas as coisas. Recordai vossa Aliança! A medida transbordou, porque nos antros desta terra só existe violência!” (Sl 73, 1-3; 20)?
Muito tempo depois, quando Jesus Cristo, o Filho do Altíssimo, viera para visitar o seu povo, ele encontrou o Reino de Judá e a cidade de Jerusalém sofrendo as mesmas tribulações e as mesmas misérias daqueles tempos antigos. Pouca coisa havia melhorado! Por isso, Jesus se apresentou como o Bom Pastor que viera a este mundo para reunir, curar e salvar as ovelhas da casa de Israel. Jesus Cristo viera visitar o Povo Eleito e toda a humanidade, para restabelecer a Aliança, curar as feridas e conduzi-los ao seu Reino de vida eterna!
Jesus Cristo se mostrava sempre pronto e disponível para aliviar os sofrimentos das pessoas atribuladas, sobretudo daqueles que acreditavam que ele era realmente o Cristo, o Filho de Deus. “Por isso, quando, num certo dia, Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: “Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. Jesus respondeu: “Vou curá-lo” (Mt 8, 5-7). Entretanto, ele somente realizou a cura depois de ouvir o extraordinário testemunho de fé do centurião romano. Este ato de fé, daquele estrangeiro e pagão, fez com que Jesus desse a seguinte declaração, depois de revelar que o seu ministério messiânico de salvação não se restringia apenas ao povo de Israel, mas a toda a humanidade, dizendo: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”. Então, Jesus disse ao oficial: “Vai! E seja feito como tu creste”. E naquela mesma hora o empregado ficou curado” (Mt 8, 10-13).
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