Da terra Deus criou o homem, e o formou à sua imagem. 2E à terra o faz voltar novamente, embora o tenha revestido de poder, semelhante ao seu. 3Concedeu-lhe dias contados e tempo determinado, deu-lhe autoridade sobre tudo o que está sobre a terra. 4Em todo ser vivo infundiu o temor do homem, fazendo-o dominar sobre as feras e os pássaros. 5Deu aos homens discernimento, língua, olhos, ouvidos, e um coração para pensar; encheu-os de inteligência e de sabedoria. 6Deu-lhes ainda a ciência do espírito, encheu o seu coração de bom senso e mostrou-lhes o bem e o mal. 7Infundiu o seu temor em seus corações, mostrando-lhes as grandezas de suas obras. 8Concedeu-lhes que se gloriassem de suas maravilhas, louvassem o seu Nome santo e proclamassem as grandezas de suas obras. 9Concedeu-lhes ainda a instrução e entregou-lhes por herança a lei da vida. 10Firmou com eles uma aliança eterna e mostrou-lhes sua justiça e seus julgamentos. 11Seus olhos viram as grandezas da sua glória e seus ouvidos ouviram a glória da sua voz. Ele lhes disse: “Tomai cuidado com tudo o que é injusto!” 12E a cada um deu mandamentos em relação ao seu próximo. 13Os caminhos dos homens estão sempre diante do Senhor e não podem ficar ocultos a seus olhos.
Como um pai se compadece de seus filhos, * o Senhor tem compaixão dos que o temem. 14Porque sabe de que barro somos feitos, * e se lembra que apenas somos pó. 15Os dias do homem se parecem com a erva, * ela floresce como a flor dos verdes campos; 16mas apenas sopra o vento ela se esvai, * já nem sabemos onde era o seu lugar. 17Mas o amor do Senhor Deus por quem o teme * é de sempre e perdura para sempre; e também sua justiça se estende † por gerações até os filhos de seus filhos, * 18aos que guardam fielmente sua Aliança.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu Reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores!
Naquele tempo, 13traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. 14Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. 15Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. 16Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra desenvolve uma maravilhosa doutrina sobre a dignidade e a bondade da natureza humana. Ou seja, quando Deus nos criou e colocou-nos neste mundo, deu-nos a capacidade de fazer o bem e evitar o mal; para viver na justiça e na inocência. Mesmo depois do pecado original, todo ser humano recebeu de Deus o conhecimento de sua vontade, para preservar-se do mal e praticar o bem. Jesus Cristo disse que as crianças revelavam espontaneamente esta bondade, esta simplicidade e esta inocência do ser humano criado por Deus.
O sábio profeta Salomão deixou registrado no livro do Eclesiástico um verdadeiro hino de louvor à grandeza e a dignidade do ser humano – a obra prima da criação -, reconhecendo-o como a criatura que mais se assemelhava ao próprio Criador, dizendo: “Da terra Deus criou o homem, e o formou à sua imagem. E à terra o faz voltar novamente, embora o tenha revestido de poder, semelhante ao seu. Deu aos homens discernimento, língua, olhos, ouvidos, e um coração para pensar; encheu-os de inteligência e de sabedoria. Deu-lhes ainda a ciência do espírito, encheu o seu coração de bom senso e mostrou-lhes o bem e o mal. Infundiu o seu temor em seus corações, mostrando-lhes as grandezas de suas obras. Concedeu-lhes que se gloriassem de suas maravilhas, louvassem o seu Nome santo e proclamassem as grandezas de suas obras. Firmou com eles uma aliança eterna e mostrou-lhes sua justiça e seus julgamentos. “E a cada um deu mandamentos em relação ao seu próximo. Os caminhos dos homens estão sempre diante do Senhor e não podem ficar ocultos a seus olhos” (Eclo 17, 1-2; 5-8; 10; 12-13).
Jesus Cristo, em diversos momentos de sua pregação evangélica demonstrou o seu grande apreço e o seu amor preferencial pelas crianças. Pois, Jesus as via como sendo aquelas pessoas que, espontaneamente, com toda singeleza e simplicidade, se assemelhavam a ele e viviam uma vida em conformidade ao seu Evangelho. Sem polemizar com a doutrina da Igreja católica sobre o pecado original, Jesus dizia que as crianças eram as melhores discípulas dele. Pois elas, em sua inocência e na sua simplicidade, praticavam com naturalidade e perfeição as melhores virtudes evangélicas, tornando-se, assim, as melhores discípulas dele; ao ponto de Jesus apresentá-las como exemplo para todos os discípulos adultos. Por isso, Jesus dizia aos seus discípulos: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10, 14-15).
Por esta razão, Jesus Cristo se sentia bem à vontade e feliz de ensinar o seu Evangelho às pessoas mais simples e humildes, visto que estas pessoas recebiam as suas palavras do mesmo modo como as crianças o recebiam. Pois, os humildes e os de pouca instrução costumavam acolher o Evangelho do Reino com maior prontidão e solicitude do que aqueles que eram os grandes mestres, que logo questionavam tudo e, cheios de presunção, refutavam com hostilidade a sua palavra. Por tal motivo, Jesus Cristo, com toda satisfação elevou ao Pai uma oração, dizendo: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu Reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores” (Mt 11, 25)!
Portanto, todos aqueles que são simples e humildes como as crianças, e que temem ao Senhor, não lhes faltarão as graças divinas para preservarem-se na dignidade e na santidade. Como disse o profeta: “Como um pai se compadece de seus filhos, o Senhor tem compaixão dos que o temem. E o amor do Senhor Deus por quem o teme é de sempre e perdura para sempre” (Sl 102, 13; 17).
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