Naqueles dias, 1aconteceu que foram presos sete irmãos, com sua mãe, aos quais o rei, por meio de golpes de chicote e de nervos de boi, quis obrigar a comer carne de porco, que lhes era proibida. 20Mas especialmente admirável e digna de abençoada memória foi a mãe, que, num só dia, viu morrer sete filhos, e tudo suportou valorosamente por causa da esperança que depositou no Senhor. 21Cheia de nobres sentimentos, ela exortava a cada um na língua de seus pais e, revestindo de coragem varonil sua alma de mulher, dizia-lhes: 22“Não sei como aparecestes em minhas entranhas: não fui eu quem vos deu o espírito e a vida nem fui eu quem organizou os elementos dos vossos corpos. 23Por isso, o Criador do mundo, que formou o homem na sua origem e preside à geração de todas as coisas, ele mesmo, na sua misericórdia, vos dará de novo o espírito e a vida, pois agora vos desprezais a vós mesmos, por amor às suas leis”. 4Antíoco julgou que ela o desprezasse e suspeitou que o estivesse insultando. Como o mais novo dos irmãos ainda estivesse vivo, o rei tentava persuadi-lo. E não só com palavras, mas também com juramento, prometeu fazê-lo rico e feliz, além de torná-lo seu amigo e confiar-lhe altas funções, contanto que abandonasse as leis de seus antepassados. 25Vendo que o jovem não lhe prestava nenhuma atenção, o rei chamou a mãe e exortou-a a dar conselhos ao rapaz, para que salvasse a sua vida. 26Como ele insistisse com muitas palavras, ela concordou em persuadir o filho. 7Inclinou-se então para ele e, zombando do cruel tirano, assim falou na língua de seus pais: “Filho, tem compaixão de mim, que te trouxe nove meses em meu seio e por três anos te amamentei; que te criei e eduquei até a idade que tens, sempre cuidando do teu sustento. 28Eu te peço, meu filho: contempla o céu e a terra e observa tudo o que neles existe. Reconhece que não foi de coisas existentes que Deus os fez, e que também o gênero humano surgiu da mesma forma. 29Não tenhas medo desse carrasco. Pelo contrário, sê digno de teus irmãos e aceita a morte, a fim de que eu torne a receber-te com eles no tempo da misericórdia”. 30Mal tinha ela acabado de falar, o jovem declarou: “Que esperais? Não obedecerei às ordens do rei, mas aos mandamentos da Lei dada aos nossos pais por Moisés. 31E tu, que inventaste toda a espécie de maldades contra os hebreus, não escaparás às mãos de Deus”.
Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, * escutai-me e atendei o meu clamor! Inclinai o vosso ouvido à minha prece, * pois não existe falsidade nos meus lábios! 5Os meus passos eu firmei na vossa estrada, * e por isso os meus pés não vacilaram. 6Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, * inclinai o vosso ouvido e escutai-me! 8bProtegei-me qual dos olhos a pupila * e guardai-me, à proteção de vossas asas, 15Mas eu verei, justificado, a vossa face * e ao despertar me saciará vossa presença.
Naquele tempo, 11Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo. 12Então Jesus disse: “Um homem nobre partiu para um país distante, a fim de ser coroado rei e depois voltar. 13Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata a cada um, e disse: ‘Procurai negociar até que eu volte’. 14Seus concidadãos, porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: ‘Nós não queremos que esse homem reine sobre nós’. 15Mas o homem foi coroado rei e voltou. Mandou chamar os empregados, aos quais havia dado o dinheiro, a fim de saber quanto cada um havia lucrado. 16O primeiro chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais’. 17O homem disse: ‘Muito bem, servo bom. Como foste fiel em coisas pequenas, recebe o governo de dez cidades’. 18O segundo chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais’. 19O homem disse também a este: ‘Recebe tu também o governo de cinco cidades’. 20Chegou o outro empregado e disse: ‘Senhor, aqui estão as tuas cem moedas que guardei num lenço, 21pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Recebes o que não deste e colhes o que não semeaste’. 22O homem disse: ‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca. Tu sabias que eu sou um homem severo, que recebo o que não dei e colho o que não semeei. 23Então, porque tu não depositaste meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros’. 24Depois disse aos que estavam aí presentes: ‘Tirai dele as cem moedas e dai-as àquele que tem mil’. 25Os presentes disseram: ‘Senhor, esse já tem mil moedas!’ 26Ele respondeu: ‘Eu vos digo: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda; mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem. 27E quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os na minha frente'”. 28Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém.
Caríssimos irmãos e irmãs! A liturgia da Palavra nos apresenta dois testemunhos de vida de pessoas justas e tementes a Deus. Elas foram largamente recompensados por Deus na vida eterna, no Reino dos Céus, por terem tido uma conduta exemplar e agradável a Deus!
O primeiro testemunho foi-nos dado no Livro dos Macabeus. Ali, o autor sagrado relatou-nos um testemunho admirável de uma mãe judia, com seus sete filhos, que não temeram a morte, para permanecerem firmes na fé e nas tradições judaicas, por causa da esperança que depositavam no Senhor. Como disse o escritor sagrado: “Aconteceu que, naqueles dias, foram presos sete irmãos, com sua mãe, aos quais o rei, por meio de golpes de chicote e de nervos de boi, quis obrigar a comer carne de porco, que lhes era proibida. Mas especialmente admirável e digna de abençoada memória foi a mãe, que, num só dia, viu morrer sete filhos, e tudo suportou valorosamente por causa da esperança que depositava no Senhor” (2Mc 7, 1; 20).
Antes de ver trucidados e martirizados os sete filhos, a mãe os persuadia, dizendo: “O Criador do mundo, que formou o homem na sua origem e preside à geração de todas as coisas, ele mesmo, na sua misericórdia, vos dará de novo o espírito e a vida, pois agora vos desprezais a vós mesmos, por amor às suas leis” (2Mc 7, 23). E ao mais jovem, ela disse o seguinte: “Eu te peço, meu filho: contempla o céu e a terra e observa tudo o que neles existe. Reconhece que não foi de coisas existentes que Deus os fez, e que também o gênero humano surgiu da mesma forma. Não tenhas medo desse carrasco. Pelo contrário, sê digno de teus irmãos e aceita a morte, a fim de que eu torne a receber-te com eles no tempo da misericórdia” (2Mc 7, 28-29).
Enquanto eram martirizados estes justos servos de Deus cantavam ao Senhor, dizendo: “Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! Os meus passos eu firmei na vossa estrada, e por isso os meus pés não vacilaram. Protegei-me qual dos olhos a pupila e guardai-me, à proteção de vossas asas. Mas eu verei, justificado, a vossa face e ao despertar me saciará vossa presença” (Sl 16, 4-5; 8; 15).
O segundo e o terceiro testemunhos nos foram dados, caros irmãos, pelo próprio Jesus Cristo, através de uma parábola que ele contou sobre dois tipos de discípulos; dos quais, um é aquele discípulo diligente e prestativo, pronto a cumprir zelosamente a sua palavra e a sua vontade. Este será largamente recompensado no Reino dos Céus, ao dizer o seguinte: “O primeiro empregado chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais’. O homem disse: ‘Muito bem, servo bom. Como foste fiel em coisas pequenas, recebe o governo de dez cidades'” (LC 19, 16-17).
O outro discípulo é aquele negligente e preguiçoso, que nada fez para render as suas moedas, “o homem disse: ‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca. Tu sabias que eu sou um homem severo, que recebo o que não dei e colho o que não semeei. Portanto, ‘tirai dele as cem moedas e dai-as àquele que tem mil’. ‘E Eu vos digo: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda; mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem” (Lc 19, 22-26).
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