Naqueles dias, depois de me ter falado, entrou em mim um espírito que me pôs de pé. Então, eu ouvi aquele que me falava, 3o qual me disse: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. Eles seus pais se revoltaram contra mim até ao dia de hoje. 4A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás: ‘Assim diz o Senhor Deus’. 5Quer te escutem, quer não – pois são um bando de rebeldes – ficarão sabendo que houve entre eles um profeta”.
Eu levanto os meus olhos para vós,* que habitais nos altos céus. 2Como os olhos dos escravos estão fitos* nas mãos do seu senhor. Como os olhos das escravas estão fitos* nas mãos de sua senhora, assim os nossos olhos, no Senhor,* até de nós ter piedade. 3Tende piedade, ó Senhor, tende piedade;* já é demais esse desprezo! 4Estamos fartos do escárnio dos ricaços* e do desprezo dos soberbos!
Irmãos: 7Para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de Satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais. 8A esse propósito, roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. 9Mas ele disse-me: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta”. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. 10Eis porque eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor a Cristo. Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte.
Naquele tempo, 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? 3Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. 4Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. 5E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. 6E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra nos leva hoje a refletir sobre as grandes dificuldades, oposições e hostilidades que sofrem aqueles que abraçam o ministério da profecia. Pois, desde os tempos mais remotos, a obra profética de anunciar a Palavra de Deus tinha o condão de provocar nos ouvintes todo tipo de reação, tornando-se, assim, um verdadeiro “sinal de contradição” no mundo!
Quando Jesus foi visitar a cidade de Nazaré, para realizar ali a sua obra missionária de anunciar-lhes o seu Evangelho, ele foi surpreendido por reações muito contraditórias. Embora Jesus conhecesse muito bem cada um dos moradores daquela cidade, na qual ele vivera muitos anos, acabou sendo recebido com uma certa descrença e desprezo. Diante desta atitude de seus concidadãos e familiares, Jesus lhes disse: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles” (Mc 6, 4-6). Com estas palavras Jesus apresentou uma outra característica do autêntico profeta, ao dizer que: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares” (Mc 6, 4).
Mesmo que o seu Evangelho fosse revestido dos melhores gestos de mansidão, de bondade e de graça, isto não lhe deu nenhuma garantia que o seu anúncio fosse acolhida da mesma forma. Muito ao contrário! Jesus foi frequentemente hostilizado, combatido e caluniado com toda violência por aqueles que se opunham à sua pregação profética. Em todo caso, esta reação hostil, sem motivo aparente, só se explica pela existência do ” mistério da iniquidade” neste mundo, que não suporta ser contrariado pela Palavra de Deus.
São Paulo, no exercício de seu ministério profético de anunciar o Evangelho, se deparou com inúmeras dificuldades e provações. Ele mesmo encontrou em si mesmo certos empecilhos e fraquezas, bem como fortes tentações que o deixava muito prostrado. Porém, veio o Senhor em seu socorro, e lhe disse: “Mas ele disse-me: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta”. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. Eis porque eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor a Cristo. Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte” (2Cor 12, 9-10).
Os rebeldes, os malvados e os perversos não aceitam serem admoestados a se corrigirem. Quando eles são confrontados com suas impiedades, através da pregação do profeta, eles se enfurecem contra ele, assim como aconteceu com o profeta Ezequiel, quando Deus lhe mandou dizer ao povo de Israel: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. Eles seus pais se revoltaram contra mim até ao dia de hoje. A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás: ‘Assim diz o Senhor Deus’ Quer te escutem, quer não – pois são um bando de rebeldes – ficarão sabendo que houve entre eles um profeta” (Ez 2, 3-5).
Finalmente, vimos um outro profeta elevar a Deus em oração os seus lamentos e angústias, por sentir-se oprimido e maltratado por todos. Por isso, o profeta dizia que somente em Deus ele encontrava consolo e amparo, para suportar tamanha incompreensão e hostilidade dos homens, ao fazer a Deus a seguinte oração: “Eu levanto os meus olhos para vós, que habitais nos altos céus. Como os olhos dos escravos estão fitos nas mãos do seu senhor. Como os olhos das escravas estão fitos nas mãos de sua senhora, assim os nossos olhos, no Senhor, até de nós ter piedade. Tende piedade, ó Senhor, tende piedade; já é demais esse desprezo! Estamos fartos do escárnio dos ricaços e do desprezo dos soberbos” (Sl 122, 1-4)!
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