Os ímpios dizem: 12“Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina. 17Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovemos o que vai acontecer com ele. 18Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. 19Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; 20vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro”.
Por vosso nome, salvai-me, Senhor;* e dai-me a vossa justiça! 4Ó meu Deus, atendei minha prece* e escutai as palavras que eu digo! 5Pois contra mim orgulhosos se insurgem, † e violentos perseguem-me a vida:* não há lugar para Deus aos seus olhos. 6Quem me protege e me ampara é meu Deus;* é o Senhor quem sustenta minha vida! 8Quero ofertar-vos o meu sacrifício* de coração e com muita alegria; quero louvar, ó Senhor, vosso nome,* quero cantar vosso nome que é bom!
Caríssimos: 3,16Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. 17Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. 18O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz. 4,1De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? 2Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão está em que não pedis. 3Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres.
Naquele tempo, 30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”. 32Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “O que discutíeis pelo caminho?” 34Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 37“Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra deste Domingo nos coloca diante de um dos mistérios mais difíceis de ser compreendido e aceito em nossa Igreja Católica, e que foi posto por Jesus Cristo como o fundamento de nossa fé. E tal mistério da sabedoria de Cristo consistia no fato de que todos os discípulos de Cristo, para obterem a salvação e a ressurreição no Reino dos céus, precisavam, primeiro, passar por muitos sofrimentos e provações e serem maltratados pelos ímpios. Assim como aconteceu com Jesus, era necessário que acontecesse com seus discípulos!
Para falar sobre este mistério, Jesus se retirou com os seus discípulos para um lugar à parte, longe do burburinho das multidões e das distrações do mundo. Pois, naquele tempo, “Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “‘O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará’. Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar” (Mc 9, 30-32). Mesmo que os discípulos resistissem em compreender e aceitar tais profecias, Jesus insistia neste argumento pois ele entendia que o mistério de sua paixão, morte e ressurreição era matéria fundamental de sua doutrina e do seu Evangelho.
Os Apóstolos, diante desta doutrina de Jesus, acabaram se comportando muito mal. Além de resistirem contra a sabedoria ensinada pelo Mestre, começaram a deixar-se levar pelas paixões e tentações da inveja, da soberba e da rivalidade. “Pois pelo caminho eles tinham discutido quem era o maior. Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: ‘Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos'” (Mc 9, 34-35)! Vendo o perigo ao qual estavam se expondo, Jesus aproveitou-se daquela circunstância para exortá-los á humildade, e que evitassem todo tipo de inveja, de soberba e de rivalidades.
Ao advertir os seus discípulos sobre estas coisas ele os estava prevenindo para que não se tornassem ímpios, mas permanecessem justos, assim como Jesus era justo. Pois, Jesus sabia muito bem que estes homens bons e justos estavam ainda muito frágeis diante destas graves tentações, que poderiam facilmente transformá-los em ímpios e maus discípulos. Por isso, tanto a sua doutrina sobre os mistérios da sua paixão, morte e ressurreição, bem como as suas exortações sobre a humildade e mansidão, serviriam muito bem para transformá-los em discípulos perfeitos e justos. Pois, estes mesmos homens seriam, futuramente, maltratados pelos ímpios, assim como Jesus seria maltratado e morto, visto que Jesus era o Justo por excelência.
Assim sendo, conforme as palavras do sábio profeta: “Os ímpios dizem: “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda. Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos. Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro” (Sb 2, 12; 18-20). Pois, os ímpios que perseguem os justos, eram, outrora, justos e conviviam fraternalmente com os justos. Entretanto, uma vez deixando-se seduzir pela inveja e pela soberba, se tornaram ímpios e começaram a hostilizar os justos.
Foi certamente de Jesus Cristo que Tiago aprendeu aquelas sábias palavras, quando disse: “Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz” (Tg 3, 16-18; 4, 16).
E assim, tanto Jesus Cristo, quanto os seus discípulos, depois de passarem por muitos sofrimentos, receberam a coroa da glória e da ressurreição. Desta forma, eles podiam cantar ao Senhor, dizendo: “Por vosso nome, salvai-me, Senhor; e dai-me a vossa justiça. Pois contra mim orgulhosos se insurgem, e violentos perseguem-me a vida: não há lugar para Deus aos seus olhos. Quem me protege e me ampara é meu Deus; é o Senhor quem sustenta minha vida!” (SL 53, 3-6)!
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