Naqueles dias, 16Samuel disse a Saul: “Basta! Deixa-me dizer-te o que o Senhor me revelou esta noite”. Saul disse: “Fala!” 17Então Samuel começou: “Por menor que sejas aos teus próprios olhos, acaso não és o chefe das tribos de Israel? O Senhor ungiu-te rei sobre Israel 18e te enviou em expedição, com a ordem de eliminar os amalecitas, esses malfeitores, combatendo-os até que fossem exterminados. 19Por que não ouviste a voz do Senhor, e te precipitaste sobre os despojos e fizeste o que desagrada ao Senhor?” 20Saul respondeu a Samuel: “Mas eu obedeci ao Senhor! Realizei a expedição a que ele me enviou. Trouxe Agag, rei de Amalec, para cá, e exterminei os amalecitas. 21Quanto aos despojos, o povo reteve, das ovelhas e dos bois, o melhor do que devia ser eliminado, para sacrificar ao Senhor teu Deus em Guilgal”. 22Mas Samuel replicou: “O Senhor quer holocaustos e sacrifícios, ou quer a obediência à sua palavra? A obediência vale mais que o sacrifício, a docilidade mais que oferecer gordura de carneiros. 23A rebelião é um verdadeiro pecado de magia, um crime de idolatria, uma obstinação. Assim, porque rejeitaste a palavra do Senhor, ele te rejeitou: tu não és mais rei”.
Eu não venho censurar teus sacrifícios, * pois sempre estão perante mim teus holocaustos; 9não preciso dos novilhos de tua casa * nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. 16Como ousas repetir os meus preceitos * e trazer minha Aliança em tua boca? 17Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos * e deste as costas às palavras dos meus lábios! 21Diante disso que fizeste, eu calarei? * Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo * e manifesto essas coisas aos teus olhos. 23Quem me oferece um sacrifício de louvor, * este sim é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente, *eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
A palavra do Senhor é viva e eficaz: ela julga os pensamentos e as intenções do coração.
Naquele tempo, 18os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?” 19Jesus respondeu: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. 21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”.
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra de hoje nos diz que para Deus é mais importante a obediência às suas ordens e mandamentos do que um sacrifício ou um jejum feito à revelia, contra a vontade de Deus. Pois, se Deus numa determinada circunstância estabelecesse que não se fizesse um sacrifício ou um jejum, seria pecado grave de presunção e rebeldia fazê-lo.
Sim, é verdade, caros irmãos, Deus prescreveu ao povo de Israel fazer sacrifícios e oferecer holocaustos em determinadas datas, seguindo as normas mosaicas. Bem como Deus também prescreveu a prática do jejum, dizendo que ele receberia estas práticas de piedade de bom grado, desde que fossem respeitadas as normas da moderação e os dias estabelecidos para tais prática. Porém, o problema proposto na Liturgia da Palavra de hoje é de outra natureza.
Deus ficou irado com o rei Saul por que ele desobedeceu a sua ordem, quando lhe foi imposto, por ordem divina, que fizesse a guerra contra os amalecitas e os exterminasse por completo, tanto os homens quanto os animais, como disse Samuel: “O Senhor ungiu-te rei sobre Israel e te enviou em expedição, com a ordem de eliminar os amalecitas, esses malfeitores, combatendo-os até que fossem exterminados. Por que não ouviste a voz do Senhor, e te precipitaste sobre os despojos e fizeste o que desagrada ao Senhor (1Sm 15, 17-19)?
E Saul ao responder a Samuel mentiu descaradamente, pois ele nem exterminara os amalecitas por completo e nem os animais. E, ao dizer que os melhores animais foram reservados para o sacrifício ao Senhor, também era mentira, pois, ele guardara aqueles animais para si e para os chefes do exército. Mesmo que ele tivesse oferecido aqueles animais em sacrifícios, estes holocaustos não seriam recebidos por Deus, pois ele havia lhe ordenado o extermínio. Por isso, Samuel lhe replicou, dizendo: “O Senhor quer holocaustos e sacrifícios, ou quer a obediência à sua palavra? A obediência vale mais que o sacrifício, a docilidade mais que oferecer gordura de carneiros. A rebelião é um verdadeiro pecado de magia, um crime de idolatria, uma obstinação. Assim, porque rejeitaste a palavra do Senhor, ele te rejeitou: tu não és mais rei” (1Sm 15, 22-23).
Na questão do jejum, assunto que foi levantado pelos fariseus no Evangelho que ouvimos, nós encontramos ali um problema semelhante ao do sacrifício. É verdade que Deus olha com bons olhos o jejum feito com moderação e com espírito de piedade. Porém, neste caso particular, Jesus explicou-lhes que os apóstolos estavam orientados por ele a não fazer jejum enquanto ele estivesse presente com eles, conforme as suas palavras: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar” (Mc 2, 19-20). Ou seja, se os apóstolos fizessem jejum enquanto Jesus estivesse com eles, estariam desobedecendo-o e cometendo uma grave infração contra suas ordens.
Portanto, caros irmãos, em todas estas coisas que se encontram no interior do homem e nos seus pensamentos são bem conhecidos por Deus, e ele é capaz de julgá-los com perfeição. Por isso, disse o Apóstolo: “A palavra do Senhor é viva e eficaz: ela julga os pensamentos e as intenções do coração” (Hb 4,12).
Em todo caso, o sacrifício e o jejum feito pelos presunçosos e pelo malvados, de nada lhes serve, como disse o profeta: “Como ousas repetir os meus preceitos e trazer minha Aliança em tua boca? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios! Diante disso que fizeste, eu calarei? Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo e manifesto essas coisas aos teus olhos. Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus” (Sl 23, 16-17; 21; 23).
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