Jó tomou a palavra e disse: “Gostaria que minhas palavras fossem escritas e gravadas numa inscrição com ponteiro de ferro e com chumbo, cravadas na rocha para sempre! Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”.
O Senhor é o pastor que me conduz; * não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes * ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, * e restaura as minhas forças. Ele me guia no caminho mais seguro, * pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, * nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, * eles me dão a segurança! Preparais à minha frente uma mesa, * bem à vista do inimigo; com óleo vós ungis minha cabeça, * e o meu cálice transborda. Felicidade e todo bem hão de seguir-me, * por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei * pelos tempos infinitos.
Irmãos: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser estruído é a morte. Com efeito, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés”. Mas, quando ele disser: “Tudo está submetido”, é claro que estará excluído dessa submissão aquele que submeteu tudo a Cristo. E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! Mas ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”.
Caríssimos irmãos e irmãs, em Cristo nosso Salvador! Hoje, dia 2 de novembro, a Igreja celebra a memória de todos os fiéis defuntos. Esta celebração litúrgica convoca toda a comunidade dos cristãos a elevarem preces e súplicas a Deus, em favor daqueles fiéis irmãos que já morreram e que se encontram no Purgatório.
A comemoração de Todos os Fiéis Defuntos é uma celebração que tem as suas origem nos tempos mais remotos da Igreja Católica, quando os cristãos se reuniam para orar pelos irmãos falecidos, afim de que Deus, na sua misericórdia infinita, acolhesse na glória eterna a todos os irmãos que faleceram em estado de graça e na justiça. As orações eram destinadas, sobretudo, em favor daqueles que tivessem sido surpreendidos pela morte com alguma imperfeição ou algum pecado venial, para que a misericórdia divina os purificasse e os tornasse dignos do repouso eterno, junto de Deus.
Logo cedo, desde os primeiros séculos, começou-se a desenvolver a doutrina sobre o Purgatório e sobre a necessidade de muitos fiéis defuntos, que não morreram em pecado grave e mortal – cujo pecado levaria à condenação dos infernos -, deveriam, passar pelo Purgatório, antes de entrar definitivamente na glória da Vida Eterna, nos céus. Por isso, nós guardamos até hoje este piedoso costume de rezar e oferecer o sacrifício da santa Missa em favor das almas do Purgatório. Com efeito, todos aqueles que lá se encontram, estariam plenamente confiantes e seguros de sua salvação e da sua redenção eterna, professando sua fé e sua esperança da mesma forma que professava o justo Jó, que dizia: “Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros” (Jó 19, 25-27).
Assim sendo, acreditamos que todos os fiéis defuntos do Purgatório louvam e bendizem o Bom Pastor e nosso Senhor Jesus Cristo, dizendo: “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança! Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos” (Sl 22, 1; 4; 6).
Em todo caso, estes justos e santos que estiverem passando por algum momento de purificação, no Purgatório, já fazem parte da comunhão dos santos, pois eles morreram unidos a Cristo e com ele já ressuscitaram dos mortos. Às almas do Purgatório será dada, no tempo oportuno, a definitiva ressurreição e a salvação eterna, após um breve tempo de vigília e purificação, conforme as palavras de Cristo: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar” (Lc 12, 37-40)!
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