Jó abriu a boca e amaldiçoou o seu dia, 2dizendo: 3“Maldito o dia em que nasci e a noite em que fui concebido. 11Por que não morri desde o ventre materno, ou não expirei ao sair das entranhas? 12Por que me acolheu um regaço e seios uns me amamentaram? 13Estaria agora deitado e poderia descansar, dormiria e teria repouso, 14com os reis e ministros do país, que construíram para si sepulcros grandiosos; 15ou com os nobres, que amontoaram ouro e prata em seus palácios. 16Ou, então, enterrado como aborto, eu agora não existiria, como crianças que nem chegaram a ver a luz. 17Ali acaba o tumulto dos ímpios, ali repousam os que esgotaram as forças. 20Por que foi dado à luz um infeliz e vida àqueles que têm a alma amargurada? 21Eles desejam a morte que não vem e a buscam mais que um tesouro; 22eles se alegrariam por um túmulo e gozariam ao receberem sepultura. 23Por que, então, foi dado à luz o homem a quem seu próprio caminho está oculto, a quem Deus cercou de todos os lados?”
A vós clamo, Senhor, sem cessar, todo o dia, * e de noite se eleva até vós meu gemido. 3Chegue a minha oração até a vossa presença, * inclinai vosso ouvido a meu triste clamor! 4Saturada de males se encontra a minh’alma, * minha vida chegou junto às portas da morte. 5Sou contado entre aqueles que descem à cova, * toda gente me vê como um caso perdido! 6O meu leito já tenho no reino dos mortos, * como um homem caído que jaz no sepulcro, de quem mesmo o Senhor se esqueceu para sempre * e excluiu por completo da sua atenção. 7Ó Senhor, me pusestes na cova mais funda, * nos locais tenebrosos da sombra da morte. 8Sobre mim cai o peso do vosso furor, * vossas ondas enormes me cobrem, me afogam.
Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, para preparar hospedagem para Jesus. 53Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56E partiram para outro povoado.
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra de hoje nos coloca diante do drama da morte e da vida após a morte. Para Jó e para Davi, a morte era vista como um final obscuro e dramático da vida, que o conduzia à mansão dos mortos. Já para Jesus a morte era apenas uma passagem desta vida – embora repleta de sofrimentos – para se alcançar a vida eterna, na mansão celeste junto de Deus, na bem-aventurança do Reino dos céus!
Jó, por sua vez, tendo caído em desgraça, levava uma vida repleta de tribulações e sofrimentos. Por isso, ele amaldiçoava a vida que tinha, e desejava a morte. Porém, o conhecimento que ele tinha sobre a vida após a morte era cheia de incertezas, que não passavam de um repouso inconsciente e perpétuo, que o deixava muito apreensivo e angustiado. Por isso, Jó se lamentava da vida, desejando a morte, pois, ele achava que a morte seria, irremediavelmente, o triste fim de todo homem, dizendo: “Maldito o dia em que nasci e a noite em que fui concebido. Por que não morri desde o ventre materno, ou não expirei ao sair das entranhas? Estaria agora deitado e poderia descansar, dormiria e teria repouso. Ali acaba o tumulto dos ímpios, ali repousam os que esgotaram as forças. Por que foi dado à luz um infeliz e vida àqueles que têm a alma amargurada? Eles desejam a morte que não vem e a buscam mais que um tesouro; eles se alegrariam por um túmulo e gozariam ao receberem sepultura” (Jó 3, 3; 11; 13; 17; 20-22).
Davi, por sua vez, demonstrava que a sua esperança sobre a vida após morte não era muito diferente daquela de Jó. Ele acreditava que o fim da vida humana estaria na morte, e que a sua alma ficaria repousando no sepulcro, junto com seu corpo, num sono tenebroso e perpétuo. Por isso, ao ver que a morte se aproximava, Davi, repleto de angústia, elevou a Deus a seguinte oração, dizendo: “A vós clamo, Senhor, sem cessar, todo o dia, e de noite se eleva até vós meu gemido. Saturada de males se encontra a minh’alma, minha vida chegou junto às portas da morte. O meu leito já tenho no reino dos mortos, como um homem caído que jaz no sepulcro, de quem mesmo o Senhor se esqueceu para sempre e excluiu por completo da sua atenção. Ó Senhor, me pusestes na cova mais funda, nos locais tenebrosos da sombra da morte” (Sl 87, 2;4; 6-7).
Entretanto, caríssimos irmãos, Jesus Cristo veia a este mundo para nos ensinar o Evangelho da esperança e da salvação! Ele era o Salvador que veio a este mundo para nos salvar e ensinar-nos o caminho da esperança na vida eterna, depois da morte. Ele passou todo seu tempo anunciando o Evangelho do Reino dos céus, convocando as pessoas a crerem nele e o seguirem em direção a este reino celeste. Por isso, quando Jesus sentiu que estava chegando o final de sua jornada aqui neste mundo, caminhou a passos firmes rumo a Jerusalém, onde haveria de sofrer a sua morte. E para designar isto, o evangelista Lucas fez o seguinte comentário: “Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, para preparar hospedagem para Jesus. Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém” (Lc 9, 51-53). E, depois que João e Tiago lhe tivessem sugerido matar aqueles samaritanos, Jesus lhes respondeu, dizendo: “O Filho do Homem não veio para perder as vidas, mas para salvá-las” (Lc 9, 56).
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