Um dia, foram os filhos de Deus apresentar-se ao Senhor; entre eles também Satanás. 7O Senhor, então, disse a Satanás: “Donde vens?” “Venho de dar umas voltas pela terra”, respondeu ele. 8O Senhor disse-lhe: “Reparaste no meu servo Jó? Na terra não há outro igual: é um homem íntegro e correto, teme a Deus e afasta-se do mal”. 9Satanás respondeu ao Senhor: “Mas será por nada que Jó teme a Deus? 10Porventura não levantaste um muro de proteção ao redor dele, de sua casa e de todos os seus bens? Tu abençoaste tudo o que ele fez, e seus rebanhos cobrem toda a região. 11Mas, estende a mão e toca em todos os seus bens; e eu garanto que ele te lançará maldições no rosto!” 12Então o Senhor disse a Satanás: “Pois bem, de tudo o que ele possui, podes dispor, mas não estendas a mão contra ele”. E Satanás saiu da presença do Senhor. 13Ora, num dia em que os filhos e filhas de Jó comiam e bebiam vinho na casa do irmão mais velho, 14um mensageiro veio dizer a Jó: “Estavam os bois lavrando e as mulas pastando a seu lado, 15quando, de repente, apareceram os sabeus e roubaram tudo, passando os criados ao fio da espada. Só eu consegui escapar para trazer-te a notícia”. 16Estava ainda falando, quando chegou outro e disse: “Caiu do céu o fogo de Deus e matou ovelhas e pastores, reduzindo-os a cinza. Só eu consegui escapar para trazer-te a notícia”. 17Este ainda falava, quando chegou outro e disse: “Os caldeus, divididos em três bandos, lançaram-se sobre os camelos e levaram-nos consigo, depois de passarem os criados ao fio da espada. Só eu consegui escapar para trazer-te a notícia”. 18Este ainda falava, quando chegou outro e disse: “Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho na casa do irmão mais velho, 19quando um furacão se levantou das bandas do deserto e se lançou contra os quatro cantos da casa, que desabou sobre os jovens e os matou. Só eu consegui escapar para trazer-te a notícia”. 20Então, Jó levantou-se, rasgou o manto, rapou a cabeça, caiu por terra e, prostrado, disse: 21“Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor!” 22Apesar de tudo isso, Jó não cometeu pecado nem se revoltou contra Deus.
Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, * escutai-me e atendei o meu clamor! Inclinai o vosso ouvido à minha prece, * pois não existe falsidade nos meus lábios! 2De vossa face é que me venha o julgamento, * pois vossos olhos sabem ver o que é justo. 3Provai meu coração durante a noite, † visitai-o, examinai-o pelo fogo, * mas em mim não achareis iniquidade. 6Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, * inclinai o vosso ouvido e escutai-me! 7Mostrai-me vosso amor maravilhoso, † vós que salvais e libertais do inimigo * quem procura a proteção junto de vós.
Naquele tempo, 46houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior. 47Jesus sabia o que estavam pensando. Pegou então uma criança, colocou-a junto de si 48e disse-lhes: “Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior”. 49João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque não anda conosco”. 50Jesus disse-lhe: “Não o proibais, pois quem não está contra vós, está a vosso favor”.
Caríssimos irmãos e irmãs! a Liturgia da Palavra de hoje nos diz que aos olhos de Deus não importa se alguém tem muitos bens ou se ele vive em grande pobreza; também não lhe importa se os amigos de Deus estejam investidos de grande poder e autoridade ou se eles estão reduzidos à uma condição muito humilde e insignificante. Para Deus, o que importa, de fato, é que eles sejam humildes, simples e desapegados das vaidades deste mundo, semelhantes às crianças!
Quando Jesus Cristo, certo dia, encontrou os seus discípulos disputando entre si para ver quem seria o maior dentre eles, tomou uma atitude surpreendente para corrigi-los destas vaidades mundanas, do seguinte modo: “Jesus pegou então uma criança, colocou-a junto de si e disse-lhes: “Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior” (Lc 9, 47-48). Portanto, Jesus deu aos seus discípulos e a todos nós um exemplo perfeito de simplicidade e humildade, facilmente encontrado em todas as crianças que nos rodeiam e que se encontram em nossas casas. Jesus fez das crianças um modelo de vida evangélica, apresentando-as aos seus discípulos como um poderoso remédio para corrigir todas as vaidades mundanas; quer seja, para corrigir a cobiça de possuir bens materiais, ou para corrigir a soberba de ter poder e autoridade sobre os outros. Além disto, Jesus nos garantiu que somente assim Deus se sentiria bem servido por nós, em todas as nossas boas obras; e seriamos, assim, distinguidos por ele, na eterna glória, por uma posição mais elevada e privilegiada!
O Senhor nosso Deus se serviu também de uma figura muito famosa no Antigo Testamento, que foi o justo Jó; para dar-nos um exemplo de humildade e de perseverança. Ele tornou-se a figura emblemática do homem justo e obediente, que serviu a Deus com toda simplicidade e correção, em qualquer circunstância da vida. Tanto na abundância dos bens e no respeito que tinha dos outros homens, quanto na estrema miséria e no abandono e desprezo que sofreu de todos que faziam parte do seu convívio. Ao passar pela dura provação de perder tudo o que possuía, quer seja os seus bens, os seus familiares e a própria reputação, ele enfrentou tudo isto com muita coragem e resignação, permanecendo fiel a Deus. “Então, Jó levantou-se, rasgou o manto, rapou a cabeça, caiu por terra e, prostrado, disse: “Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor!” Apesar de tudo isso, Jó não cometeu pecado nem se revoltou contra Deus” (Jó 1, 20-22).
Encontramos ainda, finalmente, um outro belo testemunho de quem se colocou diante de Deus, suplicando-lhe os seus favores, dizendo de coração sincero: “Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! Inclinai o vosso ouvido à minha prece, pois não existe falsidade nos meus lábios! De vossa face é que me venha o julgamento, pois vossos olhos sabem ver o que é justo. Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me” (Sl 16, 1-2; 6)!
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