Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. 2Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. 3Aliás, eu estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. 4Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, 5para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.
Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei! * Permaneço o dia inteiro a meditá-la. 98Vossa lei me faz mais sábio que os rivais, * porque ela me acompanha eternamente. 99Fiquei mais sábio do que todos os meus mestres, * porque medito sem cessar vossa Aliança. 100Sou mais prudente que os próprios anciãos, * porque cumpro, ó Senhor, vossos preceitos. 101De todo mau caminho afasto os passos, * para que eu siga fielmente as vossas ordens. 102De vossos julgamentos não me afasto, * porque vós mesmo me ensinastes vossas leis.
Naquele tempo, 16veio Jesus à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. 17Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19e para proclamar um ano da graça do Senhor”. 20Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. 22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?” 23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. 24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.
Caríssimos irmãos e irmãs, em Cristo nosso Senhor! A Liturgia da Palavra de hoje nos põe diante da pregação do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. E, por incrível que pareça, nós somos levados a constatar que o anúncio deste Evangelho e da própria pessoa de Cristo, provocavam um certo alvoroço e um trágico paradoxo entre os ouvintes, criando contraposições e polêmicas exaltadas. Tanto a pessoa de Cristo quanto o seu Evangelho despertavam nas pessoas uma espécie de um “sinal de contradição” entre aqueles que o acolhiam com generosidade e fé, e, por outro lado, aqueles que reagiam mal, opondo-se de forma violenta e hostil contra Jesus e o seu Evangelho.
No Evangelho que acabamos de ouvir, o próprio Jesus Cristo nos deu um testemunho muito forte do quanto a sua pessoa e o seu Evangelho causavam controvérsias e mal-entendidos. Alguns o acolhiam com toda mansidão e confiança, e outros o rejeitavam e se opunham a ele de forma hostil e agressiva. Entretanto, em nenhum lugar esta situação foi tão cheia de contradições e hostilidades, quanto aos fatos que sucederam na sua primeira visita missionária feita em sua pátria, na sua cidade natal, em Nazaré da Galileia.
Tendo chegado em Nazaré, Jesus se dirigiu à sinagoga, pois era um dia de sábado. Ali, diante de toda a comunidade reunida para vê-lo, Jesus aproveitou-se daquele momento para anunciar-lhes o seu Evangelho e apresentar-se como o Messias enviado por Deus. “Jesus, então, levantou-se e deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca” (Lc 4, 16-22).
Depois de ser bem acolhido e louvado por todos que estavam na sinagoga, começaram a aparecer algumas vozes discordantes, que contestavam a condição extraordinária de Jesus como Messias e Profeta, dizendo: “Não é este o filho de José?” (Lc 4, 22). Jesus percebendo esta indisposição e a falta de fé de alguns, tentou refutar esta sua descrença, apelando ao testemunho de antigos profetas. Porém, ao invés de ganhá-los para a sua causa, ele acabou recrudescendo os ânimos daqueles que o contestavam. “Por isso, quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho” (Lc 4, 28-30).
O Apóstolo São Paulo, na sua Carta aos Corintos, nos deixou um belo testemunho sobre as dificuldades que ele encontrou ao anunciar o Evangelho entre os pagão. Ele fez questão de anunciar o Cristo Crucificado, como expressão da mais elevada sabedoria de Deus, e como demonstração do poder de Deus, em favor daqueles que seriam salvos. Porém, esta sabedoria do Evangelho tinha aparência de insensatez para uns, pois era pregada sem os mais refinados recursos da retórica. Para outros, os que se escandalizavam diante do Cristo Crucificado, viam-no muito fraco e humilde, incapaz de salvar alguém, quando ele mesmo fora dominado pelos seus inimigos e sucumbira debaixo da cruz. Por isso, Paulo disse: “Quando estive entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus e não na sabedoria dos homens” (1Cor 2, 2; 4-5).
Enfim, todo cristão que se voltar para o Cristo Crucificado, cheio de fé e confiança, encontrará nele a força e o poder de Deus para a sua salvação! Da mesma forma todo aquele que for iluminado pela sabedoria do seu Evangelho encontrará nele a Sabedoria e a Lei do Senhor Deus, que o iluminará e orientará no caminho de salvação. Este, então, poderá aclamar o Senhor, dizendo: “Quanto eu amo, ó Senhor, a vossa lei! Permaneço o dia inteiro a meditá-la. Sou mais prudente que os próprios anciãos, porque cumpro, ó Senhor, vossos preceitos. De todo mau caminho afasto os passos, para que eu siga fielmente as vossas ordens” (Sl 118, 97; 100-101).
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