Israel amava mais a José do que a todos os outros filhos, porque lhe tinha nascido na velhice. E por isso mandou fazer para ele uma túnica de mangas longas. 4Vendo os irmãos que o pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no e já não lhe podiam falar pacificamente. 12Ora, como os irmãos de José tinham ido apascentar o rebanho do pai em Siquém, 13disse Israel a José: “Teus irmãos devem estar com os rebanhos em Siquém. Vem, vou enviar-te a eles”. 17Partiu, pois, José atrás de seus irmãos e encontrou-os em Dotaim. 18Eles, porém, tendo-o visto ao longe, antes que se aproximasse, tramaram a sua morte. 19Disseram entre si: “Aí vem o sonhador! 20Vamos matá-lo e lança-lo numa cisterna, depois diremos que um animal feroz o devorou. Assim veremos de que lhe servem os sonhos”. 21Rúben, porém, ouvindo isto, disse-lhes: 22“Não lhe tiremos a vida!” E acrescentou: “Não derrameis sangue, mas lançai-o naquela cisterna do deserto, e não o toqueis com as vossas mãos”. Dizia isto, porque queria livrá-lo das mãos deles e devolvê-lo ao pai. 23Assim que José chegou perto dos irmãos, estes despojaram-no da túnica de mangas longas, pegaram nele 24e lançaram-no numa cisterna que não tinha água. 25Depois, sentaram-se para comer. Levantando os olhos, avistaram uma caravana de ismaelitas, que se aproximava, proveniente de Galaad. Os camelos iam carregados de especiarias, bálsamo e resina, que transportavam para o Egito. 26E Judá disse aos irmãos: “Que proveito teríamos em matar nosso irmão e ocultar o seu sangue? 27É melhor vendê-lo a esses ismaelitas e não manchar nossas mãos, pois ele é nosso irmão e nossa carne”. Concordaram os irmãos com o que dizia. 28Ao passarem os comerciantes madianitas, tiraram José da cisterna, e por vinte moedas de prata o venderam aos ismaelitas: e estes o levaram para o Egito.
Mandou vir, então, a fome sobre a terra * e os privou de todo pão que os sustentava; 17um homem enviara à sua frente, * José que foi vendido como escravo. 18Apertaram os seus pés entre grilhões * e amarraram seu pescoço com correntes, 19até que se cumprisse o que previra, * e a palavra do Senhor lhe deu razão. 20Ordenou, então, o rei que o libertassem, * o soberano das nações mandou soltá-lo; 21fez dele o senhor de sua casa, * e de todos os seus bens o despenseiro.
Naquele tempo, dirigindo-se Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, disse-lhes: 33“Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. 34Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. 36O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37Finalmente, o proprietário, enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’. 38Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. 40Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?” 41Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”. 42Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?’ 43Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”. 45Os sumos sacerdotes e fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. 46Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta.
Caríssimos irmão em Cristo! A Liturgia da Palavra de hoje nos coloca diante do mistério do mal, escancarando o seu lado mais cruel e desumano, que é a inveja, e as suas consequências imediatas. A inveja talvez seja a raiz de todos os males que brotam no coração do homem.
Quando a inveja se instala no coração do homem, ela começa a roer e fervilhar por dentro os instintos mais baixos e perigosos do ser humano. Pois a inveja desperta no homem os instintos mais mais perigosos e perversos, transformando-o, em pouco tempo, numa fera furiosa e selvagem, envenenando o seu coração, com a ira, o ódio e a calúnia. Começa, assim, a despertar dentro dele um rancor e um ódio sobre a sua vítima, de uma forma totalmente injustificáveis e gratuitos; usando de todos os meios para difamar o invejado. Portanto, a inveja imediatamente chama as suas companheiras mais próximas que são: o ódio a cólera e a mentira.
Como a inveja não encontra motivos que justifiquem o seu ódio mortal e a sua cólera contra o invejado, ela precisa de pretextos e de justificativas esfarrapadas, para acusar falsamente o invejado de algum mal, que ele sabe que não cometeu. Por isso, antes de destruir e matar a sua vítima, o invejoso precisa destruir a reputação desta pessoa que ele odeia, acusando-a de forma vil e caluniosa. Além do mais, a inveja, unida ao ódio, à cólera, à calúnia, à crueldade e a todas as práticas persecutórias, ela comete todos tipos de injustiça e opressão.
Pois bem, caros irmãos! Nós vimos nas leituras que acabamos de ouvir que lá, no Antigo Testamento, José, um dos doze patriarcas e o filho mais amado de Jacó, teve que afrontar o monstro da inveja, que se instalara no coração de seus irmãos. Movidos por inveja, os irmãos de José não suportavam que “Israel amasse mais a José do que a todos os outros filhos, porque lhe tinha nascido na velhice. Assim, vendo os irmãos que o pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no e já não lhe podiam falar pacificamente” (Gn 37, 3-4, 20). Porém, para se cumprirem os desígnios do Senhor, ele se serviu da maligna inveja dos patriarcas, enviando José ao Egito para salvar a todos da morte, conforme as palavras do profeta: “Deus mandou vir, então, a fome sobre a terra e os privou de todo pão que os sustentava; um homem enviara à sua frente, José que foi vendido como escravo. Apertaram os seus pés entre grilhões e amarraram seu pescoço com correntes, até que se cumprisse o que previra, e a palavra do Senhor lhe deu razão. Ordenou, então, o rei que o libertassem, o soberano das nações mandou soltá-lo; fez dele o senhor de sua casa, e de todos os seus bens o despenseiro” (Sl 104, 16-21).
Já, no Novo Testamento vemos Jesus Cristo, o Filho amado de Deus Pai, a se tornar alvo e vítima de uma inveja monstruosa, da parte de seus irmão no judaísmo, sobretudo dos Sumos Sacerdotes, dos chefes do povo e dos Mestres da Lei. Todos eles unânimes num só sentimento e num só pensamento, envenenados pela perversa inveja, o perseguiram e o maltrataram ao ponto de o matar. Tanto José quanto Jesus, diante da sanha violenta dos invejosos, não se deixaram abater diante do seus perseguidores. Depositaram em Deus a sua causa, e receberam dele proteção e salvação! Ou ainda, como Jesus mesmo disse aos sumos Sacerdotes e aos fariseus: “‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?’ Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos. Os sumos sacerdotes e fariseus ouviram as parábolas de Jesus, compreenderam que estava falando deles. Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta” (Mt 21, 42-46).
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