Escutai, ó reis, e compreendei. Instruí-vos, governadores dos confins da terra! 2Prestai atenção, vós que dominais as multidões e vos orgulhais do número de vossos súditos. 3Pois o poder vos foi dado pelo Senhor e a soberania, pelo Altíssimo. É ele quem examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções; 4apesar de estardes ao serviço do seu reino, não julgastes com retidão, nem observastes a Lei, nem procedestes conforme a vontade de Deus. 5Por isso, ele cairá de repente sobre vós, de modo terrível, porque um julgamento implacável será feito sobre os poderosos. 6O pequeno pode ser perdoado por misericórdia, mas os poderosos serão examinados com poder. 7O Senhor de todos não recuará diante de ninguém nem se deixará impressionar pela grandeza, porque o pequeno e o grande, foi ele quem os fez, e a sua providência é a mesma para com todos; 8mas para os poderosos, o julgamento será severo. 9A vós, pois, governantes, dirigem-se as minhas palavras, para que aprendais a Sabedoria e não venhais a tropeçar. 10Os que observam fielmente as coisas santas serão justificados; e os que as aprenderem vão encontrar sua defesa. 11Portanto, desejai ardentemente minhas palavras, amai-as e sereis instruídos.
Fazei justiça aos indefesos e aos órfãos, * ao pobre e ao humilde absolvei! 4Libertai o oprimido, o infeliz, * da mão dos opressores arrancai-os! 6Eu disse: “Ó juízes, vós sois deuses, * sois filhos todos vós do Deus Altíssimo! 7E, contudo, como homens morrereis, * caireis como qualquer dos poderosos!”
Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. 12Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, 13e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” 14Ao vê-los, Jesus disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”. Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17Então Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outro nove, onde estão? 18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” 19E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.
Homilia
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra nos deu um belo testemunho, dizendo que o nosso Senhor Jesus Cristo, o nosso Deus que está sentado à direita de Deus Pai, é um Deus que tem um olhar de misericórdia e de compaixão pelos pequenos, pelos pobres e humildes, pelos justos e pelos sofredores. Ele tem um coração inclinado a estes, e está sempre pronto a atende-los nas suas preces e nas suas necessidades. Jesus demonstrou esta sua preferência pelos pobres e sofredores, de uma forma espontânea e sincera, quando foi abordado por aqueles dez leprosos, que imploravam a cura de sua enfermidade, gritando: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” Ao vê-los, Jesus disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”. Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados” (Lc 17, 13-14). Entretanto, Jesus conferiu a graça maior da salvação, somente ao samaritano que voltou para agradecer. Então Jesus lhe disse: “Não foram dez os curados? E os outro nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (Lc 17, 17-19). Estes cuidados e esta proteção que Deus tem pelos pequenos e humildes, foram revelados pelo Espírito Santo, que disse: “Vós, ó Senhor, fazeis justiça aos indefesos e aos órfãos; aos pobre e aos humildes absolveis! Libertais o oprimido; e ao infeliz, da mão dos opressores, os arrancais” (Sl 81, 3-4)! No entanto, bem outra é a sorte dos poderosos e prepotentes! Em relação a estes Deus tem um olhar de severidade e de repreensão, dizendo: “Ó juízes, vós sois deuses, sois filhos todos vós do Deus Altíssimo! E, contudo, como homens morrereis, caireis como qualquer dos poderosos!” (Sl 81, 6-7). “Por isso, prestai atenção, vós que dominais as multidões e vos orgulhais do número de vossos súditos. Pois o poder vos foi dado pelo Senhor e a soberania, pelo Altíssimo. É ele quem examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções; apesar de estardes ao serviço do seu reino, não julgastes com retidão, nem observastes a Lei, nem procedestes conforme a vontade de Deus. Por isso, ele cairá de repente sobre vós, de modo terrível, porque um julgamento implacável será feito sobre os poderosos” (Sb 6, 2-5). Entretanto, apesar da severidade do julgamento do Justo Juiz, ele não deixará de ser indulgente e compassivo com todos os poderosos que humildemente se arrependerem de sua má conduta, conforme as palavras do sábio profeta, que disse: “A vós, pois, governantes, dirigem-se as minhas palavras, para que aprendais a Sabedoria e não venhais a tropeçar. Os que observam fielmente as coisas santas serão justificados; e os que as aprenderem vão encontrar sua defesa. Portanto, desejai ardentemente minhas palavras, amai-as e sereis instruídos” (Sb 6, 9-11).
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