Ao Senhor nosso Deus, cabe justiça; enquanto a nós, resta-nos corar de vergonha, como acontece no dia de hoje aos homens de Judá e aos habitantes de Jerusalém, 16aos nossos reis, nossos príncipes e sacerdotes, aos nossos profetas nossos antepassados: 17pois pecamos diante do Senhor e lhe desobedecemos 18e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, que nos exortava a viver de acordo com os mandamentos que ele pôs sob os nossos olhos. 19Desde o dia em que o Senhor tirou nossos pais do Egito, até hoje, temos sido desobedientes ao Senhor nosso Deus, procedemos inconsideradamente, deixando de ouvir sua voz; 20por isso perseguem-nos as calamidades e a maldição, que o Senhor nos lançou por meio de Moisés, seu servo, no dia em que tirou nossos pais do Egito, para nos dar uma terra que mana leite e mel, como de fato é hoje. 21Mas não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus, como vem nas palavras dos profetas que ele nos enviou, 22e entregamo-nos, cada qual, às inclinações do perverso coração, para servir a outros deuses e praticar o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus!
Invadiram vossa herança os infiéis, † profanaram, ó Senhor, o vosso templo, * Jerusalém foi reduzida a ruínas! Lançaram aos abutres como pasto * os cadáveres dos vossos servidores; e às feras da floresta entregaram * os corpos dos fiéis, vossos eleitos. 3Derramaram o seu sangue como água † em torno das muralhas de Sião, * e não houve quem lhes desse sepultura! 4Nós nos tornamos o opróbrio dos vizinhos, † um objeto de desprezo e zombaria * para os povos e àqueles que nos cercam. 5Mas até quando, ó Senhor, veremos isto? † Conservareis eternamente a vossa ira? * Como fogo arderá a vossa cólera? 8Não lembreis as nossas culpas do passado, † mas venha logo sobre nós vossa bondade, * pois estamos humilhados em extremo. 9Ajudai-nos, nosso Deus e Salvador! † Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! * Por vosso nome, perdoai nossos pecados!
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba!
Naquele tempo, disse Jesus: 13“Ai de ti, Corazim! Aí de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 15Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. 16Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos rejeita, a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.
Deus castiga o seu povo por causa dos pecados de idolatria e de incredulidade!
Caríssimos irmãos e irmãs! A Liturgia da Palavra de hoje nos faz uma grave advertência para que não imitermos a cidade de Jerusalém e outras cidades da Judeia, que foram destruídas e os seus habitantes foram exiliados e escravizados na Babilônia, por causa de seus pecados e de sua idolatria; e nem devermos imitar a cidade de Cafarnaum, e outras cidades da Galileia que foram ameaçadas por Jesus Cristo a serem castigadas com a sua destruição total, por causa de seus pecados e de sua incredulidade diante de Jesus Cristo.
O profeta Baruc e o Salmista procuravam expressar a voz de Deus e a voz da consciência dos judeus, que estavam no exílio da Babilônia, sofrendo uma dura servidão. Todos traziam bem presente na memória os acontecimentos ressentes da guerra, da destruição, dos sofrimentos e das humilhações sofridas em Jerusalém e no caminho do exílio. O Salmista descreveu estas calamidades com cores bem vivas que nos impressionam ainda hoje, quando rezamos o Salmo 78, que relata estes acontecimentos, dizendo: “Invadiram vossa herança os infiéis, profanaram, ó Senhor, o vosso templo, Jerusalém foi reduzida a ruínas! Lançaram aos abutres como pasto os cadáveres dos vossos servidores; e às feras da floresta entregaram os corpos dos fiéis, vossos eleitos. Derramaram o seu sangue como água em torno das muralhas de Sião, e não houve quem lhes desse sepultura” (Sl 78, 1-3)!
Todos os judeus piedosos, orientados pelos profetas, atribuíam as desgraças que estavam passando aos pecados cometidos por eles mesmos e pelos seus pais, como dizia o profeta Baruc: “Nós não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus, como vem nas palavras dos profetas que ele nos enviou, e entregamo-nos, cada qual, às inclinações do perverso coração, para servir a outros deuses e praticar o mal aos olhos do Senhor, nosso Deus” (Br 1, 21-22)!
Mas agora, caindo em si, humildemente o povo escravizado e humilhado em terra estrangeira, começou a se penitenciar dos pecados cometidos, pedindo perdão a Deus, pelos próprios pecados e de seus pais, dizendo: “Ó Senhor, não lembreis das nossas culpas do passado, mas venha logo sobre nós vossa bondade, pois estamos humilhados em extremo. Ajudai-nos, nosso Deus e Salvador! Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos! Por vosso nome, perdoai nossos pecados” (Sl 78, 8-9)!
Jesus Cristo, no Evangelho que acabamos de ouvir, encontrou o povo judeu numa situação de vida muito semelhante àquela dos tempos imediatamente anteriores ao Exílio na Babilônia. Lá, naquele tempo antigo, o povo estava praticando toda sorte de pecados, desobedecendo a Lei e prostituindo-se com outros deuses, praticando a idolatria. Agora, em presença de Jesus Cristo, o povo judeu da Galileia tratava a Lei de Deus com desmazelo e hipocrisia, e o nosso Senhor Jesus Cristo era tratado com indiferença, desprezo e incredulidade. Eles não reconheceram e nem acreditaram no Senhor Deus que os visitava e nem acolheram as palavras do seu santo Evangelho. Isto fez com que Jesus profetizasse sobre aquelas cidades da Galileia graves ameaças de castigos e maldições futuras, como disse Jesus: “Ai de ti, Corazim! Aí de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós” (Lc 10, 13-14).
E, em relação a Cafarnaum, Jesus foi mais duro ainda. Pois, esta cidade teve a honra de ter Jesus Cristo como seu concidadão, e que presenciou inúmeros milagres. Entretanto, ela se mostrou incrivelmente indiferente e incrédula diante do Senhor Jesus, recebendo dele a mais dura condenação, dizendo: “Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos rejeita, a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10, 15-16). Estas últimas palavras de Jesus, dirigidas à cidade de Cafarnaum, eram um último e grande apelo de Jesus pela sua conversão, antes que acontecessem as calamidades profetizadas, conforme as palavras do profeta, que dizia: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba” (Sl 94, 8)!
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